
O deputado federal Jerônimo Goergen (PP) anunciou, na manhã desta segunda-feira, em seu escritório em Porto Alegre, que irá interpelar judicialmente Alberto Youssef por ter sido citado pelo doleiro como um dos beneficiados no esquema de corrupção da Petrobras. O parlamentar pediu licenciamento da legenda para se defender da acusação e sustentou que não tem qualquer envolvimento com os desvios revelados pela Operação Lava-Jato.
Ele chorou e disse que seu nome foi vinculado à propina no momento em que era deputado estadual, o que lhe causou estranhamento, já que o esquema abrangeria somente lideranças federais. Mas Youssef não deixa isso claro nas delações e fala em uma fraude ampla, que envolveria diversas esferas do poder.
- É colocado o meu nome como recebedor, mas eu nem estava lá (em Brasília) na época. Estou respeitando o Rio Grande do Sul ao me licenciar. Houve uma citação e eu quero que agora o doleiro apresente provas. Até que se entenda o que acontece, é um choque. Provar a inocência é o desafio da minha vida. Jerônimo Goergen não definiu se seguirá na política depois dos desdobramentos da Lava-Jato, e entende que o Partido Progressista "acabou" devido às revelações da operação. Ele lembrou que a sigla já havia sofrido um duro golpe com a Operação Rodin - que apurou fraude no Detran gaúcho -, e que as esperanças em renovação no PP quase não existem mais.
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- Eu acho que o partido acabou. Somos muito desunidos. Essa prática (corrupção) ocorreu no PP, aí está o mensalão, mas eu vejo com estranhamento o fato de o meu nome ser relacionado justo agora em que estou num enfrentamento nacional (com o Executivo e com a direção do PP).
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Na delação premiada de Youssef, Goergen aparece no seguinte trecho: "Que havia outros deputados do PP, cuja posição era de menor relevância dentro do partido, que recebiam entre R$ 30 mil e R$ 150 mil por mês; que dentre os deputados que tem certeza que receberam estão Jerônimo Goergen (entre outros)".
- Leva a crer que ele fala da bancada federal. Não sei. Sobre as mesadas, uma hora ele cita R$ 10 mil, outra, R$ 30 mil. Eu não o conheço, não o conheço.
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O parlamentar afirmou também que está com os sigilos fiscal, bancário e telefônico abertos ao Ministério Público Federal (MPF) para novas investigações.
A cronologia da Lava-Jato: