Caio Cigana
A venda de carros despenca no país, mas a Nexteer Automotive promete não dar guinada no projeto de expansão. Com um investimento de R$ 57 milhões, a empresa de origem americana e capital chinês vai passar a produzir colunas de direção elétrica para automóveis de passeio na fábrica de Porto Alegre. Os motivos? A visão de como será o mercado nos próximos anos e a necessidade de mudança de tecnologia dos veículos por questões regulatórias.
- Temos de investir pensando no que vai acontecer lá por 2016, 2017. As turbulências nos preocupam, mas esperamos que o mercado se recomponha. No nosso caso, também está ocorrendo uma mudança de sistemas hidráulicos para elétricos devido ao Inovar Auto - diz Jeferson Félix de Oliveira, diretor de vendas da empresa, referindo-se ao programa de incentivo à inovação na indústria automobilística criado pelo governo federal que, entre outras metas, tenta fazer os automóveis brasileiros serem mais eficientes no consumo de combustível.
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Com a economia trôpega, a fabricante de sistemas de direção e eixos homocinéticos considera 2015 um ano perdido. Mesmo assim, enquanto o mercado retraído leva a demissões nas montadoras e fabricantes de autopeças, na Nexteer é temporada de contratações.
- Com o pé no fundo no projeto, estamos contratando principalmente funcionários qualificados. Somos uma das poucas empresas do Rio Grande do Sul admitindo engenheiros automotivos - exemplifica Oliveira.
A empresa conta hoje com 150 colaboradores. Com a expansão, vai chegar a 250. Entre os recrutados estão a engenheira de produção Ana Roberta Braz, 28 anos, e Guilherme Antonio Fava, 32 anos, prestes a se formar em engenharia mecatrônica. Enquanto Ana atua na área de compras, garimpando fornecedores de componentes para a futura linha, Fava tem a tarefa de conciliar as especificações do novo produto enviadas pela matriz e as necessidades dos clientes. Ambos vieram de outra indústria de autopeças, em situação inversa à Nexteer.
- Costumamos dizer que a empresa está na contramão do mercado - lembra Fava, lembrando que outras indústrias do setor voltaram a recorrer a demissões e redução de jornada de trabalho.
- Muitos conhecidos ligam perguntando se há vagas - completa Ana.