
Conhecido por sua interpretação do personagem Zé Bonitinho, o ator Jorge Loredo morreu nesta quinta-feira, no Rio de Janeiro. Ele tinha 89 anos.
O ator estava internado no hospital São Lucas, na capital fluminense, desde o último dia 3 de fevereiro. A causa da morte ainda não foi confirmada.
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Loredo nasceu em Campo Grande, no dia 7 de maio de 1925. E foi por causa de fragilidades na sua saúde que descobriu sua paixão por atuar: aos 20 anos, foi internado em um sanatório com diagnóstico de tuberculose. Lá, encontrou uma nova opção de vida - incentivado por médicos, Loredo ingressou em um grupo teatral no próprio hospital, onde descobriu a vocação de ator.
Após receber alta, um teste vocacional identificou uma tendência para "atividades exibicionistas". Mesmo assim, Loredo procurou uma escola de teatro em busca de papéis "sérios", mas, contra a sua vontade, sua primeira audição foi para representar o monólogo cômico Como Pedir uma Moça em Casamento. Aprovado, não lhe restou alternativa senão adotar o humorismo como profissão.
Surgiram assim personagens que se tornaram clássicos, como o mendigo filósofo da Praça da Alegria, criado no final dos 1950 - um vaidoso e esnobe clochard que tratava os demais esmoleiros como "meu nobre colega".
O grande sucesso, no entanto, veio em 1961, com o surgimento de Zé Bonitinho, personagem que marcou definitivamente sua carreira. O motivo era o jogo de contradições: apesar de visivelmente um homem feio, com imensos óculos e um bigodinho delgado, Bonitinho justificava o apelido e era o terror das mulheres.
Suas frases de efeito ("Mulher para mim é igual parafuso: é no arrocho") e os motivos de seu cansaço ("Hoje beijei 999 mulheres e estou com a boca mole") provocam inúmeras gargalhadas dos espectadores do programa Noites Cariocas, na antiga TV Rio.
Segundo Loredo, a inspiração veio de um amigo metido a garanhão, chamado Jarbas. "Ele era uma figura, cantava todas as mulheres, parava em frente ao espelho para pentear o bigode. Eu o imitava nas festas e as pessoas se divertiam muito", contava.
Apesar do sucesso, ele nunca se iludiu com a fama. Tanto que, durante a semana, trabalhava como advogado, especializado em previdência social. Em 2001, ele garantia que muitas vezes viu sua renda totalmente atrelada ao trabalho jurídico, uma "retaguarda financeira" que já o salvara de situações difíceis.
- A TV é inconstante: hoje você está empregado e famoso, amanhã nem lembram seu nome - dizia.
- Atualmente, quase tudo o que ganho vem do meu escritório. Suspiro aliviado quando lembro que tenho outra profissão.
O artista foi recentemente redescoberto pela geração mais jovem de cineastas brasileiros. Em 2005, a diretora Susanna Lira lançou o documentário Câmera, close!, uma biografia do ator, exibido no Canal GNT. No ano seguinte, o ator e diretor Selton Mello, fã do artista, o dirigiu no curta-metragem Quando o tempo cair, para o qual criou um personagem especialmente para ele. Em 2003, atuou na peça infantil Eu e meu guarda-chuva, a convite da atriz Andrea Beltrão.
*Com informações de O Globo e O Estado de S. Paulo