Massa de manobra. É assim que me sinto no meio da gritaria e do acirramento de ânimos no Brasil. Olho pra um lado e vejo o governo perdido, desgastado e se armando para a briga. Olho para o outro e vejo uma oposição raivosa, com sangue de revanche por uma eleição que perdeu. Os dois lados querem me convencer de que estão certos. Me poupem.
Li, ouvi, pensei, conversei e concluí: ambos estão errados nas suas insaciáveis - e iguais - sedes de poder. No fundo, só pensam em proteger suas convicções combalidas, em garantir ou abocanhar mais cargos. Estão se lixando para o resto. Puro marketing sem conteúdo. No meio dessa balbúrdia, o que importa é ter razão. Mesmo que ela tenha se perdido.
Se os gritões que tomaram conta do debate - nas ruas e nas redes sociais - estivessem mesmo pensando no Brasil, sentariam para conversar, buscariam convergências, esfriariam os ânimos. Não torço para nenhum dos lados. Estou, orgulhosamente, no centro. E sei que tenho a companhia de milhões.
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Antes que algum gritão jogue a primeira pedra, explico: a roubalheira na Petrobras me enoja. E acho que protestar na rua - pacificamente - é bom para a democracia e não uma tentativa de golpe.
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Mas eu aprendi com a História. Quando os ânimos se acirram, são os mesmos que sempre sofrem. Eu não sou massa de manobra de ninguém. Vocês aí que querem briga, não contem comigo. Vocês que querem justificar a roubalheira, não contem comigo. Quero os ladrões na cadeia, mas só depois de serem condenados pela Justiça. Vocês que querem atropelar a democracia e derrubar a presidente, não contem comigo. Posso não concordar ou não gostar do governo, mas ele foi eleito.
Tenho mais o que fazer. Trabalhar, curtir meus amigos, minha família. Cumprir com as minhas obrigações de cidadão. Para depois, aí, sim, exigir meus direitos.
O Brasil está se transformando em um grande Gre-Nal de antigamente. Não torço sequer pelo empate.
Quero que os dois percam.