
Uma gravação liberada com autorização da Justiça mostra o momento em que o doleiro Alberto Youssef afirma ter entregado dinheiro desviado da Petrobras para representantes do PP - entre os quais se encontrava o deputado federal gaúcho José Otávio Germano.
No vídeo, obtido pelo repórter Rodrigo Saccone, da sucursal do Grupo RBS em Brasília, o delator da Operação Lava-Jato conta como distribuía recursos de contratos da Petrobras para o Partido Progressista. Youssef revela que costumava levar o dinheiro até os apartamentos funcionais de líderes do PP como José Janene (já falecido), João Pizzolatti e Mario Negromonte. A partilha, segundo o doleiro, contava com a presença constante do deputado mineiro Luiz Fernando Faria e, algumas vezes, do gaúcho José Otávio Germano.
Deputados gaúchos investigados usam mídias sociais para se defender
Em vídeo, Youssef cita deputados gaúchos que teriam recebido propina
- Sempre que fui levar dinheiro a Brasília, na casa do líder do partido, dinheiro esse arrebanhado pelo comissionamento das obras da Petrobras, vi o Luiz Fernando indo retirar dinheiro com o líder na casa dele - diz Youssef em um trecho do vídeo.
Logo depois, um investigador pergunta:
- E o senhor José Otávio Germano?
O doleiro responde:
- Também.
- Nas mesmas circunstâncias do...- prossegue o investigador, sem concluir a frase.
- Do Luiz Fernando - completa Youssef.
No vídeo, o doleiro Alberto Youssef afirma que José Otávio Germano participava da partilha do dinheiro oriundo da Petrobras, em Brasília. Veja outras gravações abaixo.
Germano é um dos políticos gaúchos mais citados nas gravações liberadas pela Justiça - cujo conteúdo era conhecido por meio de transcrições, mas não pelas imagens. Outros vídeos, já publicados por ZH, mostram ainda a suposta participação do deputado do PP no repasse de R$ 200 mil para o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa.
Costa afirma ter recebido R$ 200 mil de Germano e de Luiz Fernando Faria em um hotel do Rio. O dinheiro teria sido um "agrado", segundo Costa, por ter atendido a um pedido dos deputados para convidar a empresa mineira Fidens a participar de licitações da estatal. O recurso teria sido enviado pela empresa, por meio dos deputados, depois de a Fidens ter vencido uma licitação.
Germano é investigado em dois inquéritos abertos no Supremo - um que apura o suposto recebimento de propinas junto com mais cinco gaúchos do PP, e outro sobre a suposta intermediação no repasse dos R$ 200 mil a Paulo Roberto Costa.
Por meio de seus advogados, José Otávio Germano já negou qualquer participação no esquema de desvio de recursos da Petrobras e reforçou o desejo de esclarecer a situação o mais rápido possível. Os sigilos bancário, fiscal e telefônico do deputado foram colocados à disposição da investigação. O conteúdo dos depoimentos de Youssef e Costa foi classificado como "absurdamente despropositado".
OUTROS VÍDEOS
Neste trecho, Paulo Roberto Costa diz ter sido procurado por José Otávio Germano e Luiz Fernando Faria para que a empresa Fidens fosse convidada a participar de licitações da Petrobras. Depois disso, teria recebido R$ 200 mil como "agrado".
Em outro momento, o delator detalha aos investigadores como teria sido feita a entrega do dinheiro. Ele teria sido chamado a um hotel no Rio e recebido uma sacola de supermercado com o suposto "agrado".