Rosane de Oliveira
Mais difícil do que negar um aumento salarial a qualquer categoria de servidores públicos é adiar ou suspender um reajuste que já está aprovado e prestes a entrar em vigor. É por isso que o governador José Ivo Sartori e seus secretários não confirmam a negociação com a base aliada para adiar o pagamento do reajuste parcelado dos servidores da área de segurança pública.
O repórter Carlos Rollsing apurou que a negociação deve começar nesta terça-feira em um café da manhã na Casa Civil e que o governo trabalha com um plano B, se não conseguir aprovar o adiamento na Assembleia: um recurso à Justiça.
Aprovados na gestão de Tarso Genro, os reajustes parcelados para os servidores da segurança se estenderão até 2018, com duas correções anuais - em maio e em novembro. Só em 2015, o impacto desses reajustes é de R$ 400 milhões.
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A situação dos aliados de Sartori é delicada. Afinal, os deputados de oposição à época da aprovação do projeto votaram a favor do reajuste, como fizeram em outras propostas que hoje desafiam a coerência dos governistas, como o fim do imposto de fronteira. Nesse grupo, estão os hoje secretários Giovani Feltes, Márcio Biolchi e Maria Helena Sartori.
O grande problema do governo é que a área da segurança é uma das mais sensíveis em matéria de serviço público. Os policiais já estão descontentes com o corte de horas extras, que, em muitos casos, funcionavam como complemento de salário. Na Polícia Civil, cobram o pagamento de promoções atrasadas. Uma eventual suspensão do reajuste afetará os que perderam vantagens com o primeiro decreto e os que não recebem horas extras e estão na expectativa de um contracheque maior em maio.
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É exatamente a falta de dinheiro para pagar os salários e demais compromissos de maio que leva o Piratini a cogitar a suspensão do reajuste. Em abril, o governo atrasou o pagamento da parcela da dívida com a União. Em maio, essa hipótese está descartada, segundo o governador. Sartori espera receber recursos da União, mas, se esse dinheiro não vier, volta o risco de atraso nos salários, no pagamento de fornecedores e no repasse para os municípios.
Ao abrir os números das finanças para os sindicalistas, como fez na segunda-feira, o governo tenta convencê-los de que o cofre está, de fato, vazio. E vai preparando o terreno para propor medidas mais duras, como o aumento de ICMS.
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