O trabalho encomendado pelo PSDB ao jurista Miguel Reale Jr. para tentar tirar a presidente Dilma Rousseff do cargo não é um ato isolado. Coincide com uma mudança de discurso dos principais líderes tucanos, a começar pelo senador Aécio Neves, que passaram a falar abertamente em impeachment.
Ex-ministro da Justiça de Fernando Henrique Cardoso, Reale confirmou à repórter Juliana Bublitz, de ZH, que recebeu dos líderes do PSDB no Senado pedido para elaborar uma ação penal contra Dilma.
A representação partiria, segundo ele, do pagamento irregular de despesas básicas da União pela Caixa Econômica Federal e pelo Banco do Brasil, entre elas seguro-desemprego, em uma manobra para maquiar o mau desempenho das contas públicas em 2014.
Reale afirma que, se for aceita pelo Supremo Tribunal Federal, a ação pode levar ao afastamento da presidente. Ele não definiu data para terminar o trabalho:
- Meu prazo é o prazo de um estudo sério.
A ação sugerida pelo PSDB é um caminho indireto para tentar afastar Dilma. Em vez de protocolar um pedido de impeachment que precisa ser aceito pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha, os tucanos testam a hipótese de uma ação no Supremo. Até agora, Cunha tem dito que vai arquivar os pedidos que receber.
Na terça-feira, Aécio disse que o fato de a Controladoria-Geral da União ter adiado para depois da eleição a abertura de um processo contra a holandesa SBM Offshore, mesmo com provas de corrupção em negócios com a Petrobras, "é um motivo extremamente forte" para o pedido de impeachment.
O PSDB se move embalado pela pesquisa do Datafolha segundo a qual 63% dos entrevistados apoiam a abertura de um processo contra a presidente a partir do que já veio a público na Operação Lava-Jato.
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