
A CPI da Petrobras na Câmara vai pedir a exumação do corpo do ex-deputado José Janene (PP-PR), por suspeita de que ele ainda está vivo. Os deputados receberam informações de que Janene estaria atualmente na América Central. A suspeita partiu, supostamente, da própria viúva do ex-deputado, Stael Fernanda Janene. Ela será convocada para prestar depoimento à CPI.
- A informação da viúva de Janene, Stael, chegou a mim ontem. De acordo com ela, o corpo de Janene foi velado em caixão lacrado, o que era desnecessário, já que ele havia sido vítima de ataque cardíaco - justificou o deputado Hugo Motta (PMDB-PB), presidente da CPI.
Motta não quis revelar a fonte da informação.
- Vai ter a exumação do corpo. Vou montar uma comissão de deputados para acompanhar a exumação, colher o DNA da família e ver se é ele mesmo que está lá sepultado - disse o presidente da comissão.
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Janene morreu em 14 de setembro de 2010, após três meses na fila de espera para transplante do coração. Em fevereiro do mesmo ano, sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) e em agosto teve uma parada cardíaca ao ser submetido à cirurgia. Desde então, o ex-deputado estava internado em tratamento intensivo na Unidade de Recuperação Pós-Operatória do Instituto do Coração em São Paulo.
Réu no processo do mensalão por suspeita de ter recebido R$ 4,1 milhões quando presidia o PP, Janene era acusado de formação de quadrilha, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. No curso da Operação Lava-Jato, que investiga desvios na Petrobras, Janene é apontado como responsável por organizar o esquema de corrupção na estatal, segundo depoimentos do doleiro Alberto Youssef, um dos personagens centrais da Lava-Jato. O ex-parlamentar fazia com que as cúpulas das siglas envolvidas fossem beneficiadas diretamente.
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Em um dos depoimentos prestados à Justiça Federal, Youssef declarou que, por orientação de Janene, repassava valores a "agentes públicos, agentes políticos" e usava para isso um segundo doleiro, Carlos Habib Carter, dono do Posto da Torre, em Brasília, para entregar os valores.
Ele disse que parte do dinheiro vinha do caixa de construtoras. O doleiro afirmou ainda que mantinha uma conta corrente conjunta com o ex-deputado, responsável pela indicação de Paulo Roberto Costa para a diretoria de Abastecimento da estatal petrolífera, em 2004.
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À CPI da Petrobras, o empresário Augusto Mendonça, da Toyo Setal, disse ter sido procurado por Janene, em tom ameaçador, para tratar do pagamento de propinas.
Já existe requerimento do deputado Altineu Côrtes (PP-RJ) para convocar a viúva. A convocação seria votada na semana passada, mas foi interrompida devido ao início da ordem do dia.
*Zero Hora e Estadão Conteúdo