Rosane de Oliveira
Aprovado com os votos de 52 senadores, o jurista Luiz Edson Fachin viveu nos últimos dias o calvário da suspeição. Passou com louvor pela sabatina da Comissão de Constituição e Justiça, com o aval de 20 dos 27 senadores que integram o colegiado, mas, antes, enfrentou uma verdadeira inquisição. Incontáveis vezes precisou responder às mesmas perguntas, em uma tentativa dos oposicionistas de flagrá-lo em contradição.
Seu passado de simpatizante da candidatura de Dilma Rousseff foi tratado como se fosse o único indicado para o Supremo a ter afinidade com um partido político. Como se Ayres Britto, um dos ministros mais qualificados que já passaram pelo STF, não tivesse sido até candidato pelo PT. Oposicionistas se comportaram como se Gilmar Mendes e Nelson Jobim não tivessem sido ministros do presidente Fernando Henrique Cardoso. Ou como se em vez de indicar alguém da sua confiança, Dilma devesse escolher um afilhado de Aécio Neves ou de Ronaldo Caiado.
Indicado ao STF, Luiz Fachin se posiciona sobre questões polêmicas
Paradoxalmente, Fachin teve desde o início o apoio insuspeito do senador tucano Alvaro Dias, que o conhece do Paraná, onde o jurista fez toda a sua carreira política. Advogados independentes reconheceram nele o saber jurídico exigido para o cargo, mas opositores da presidente o trataram com desrespeito em vários momentos, como se decisões a favor de movimentos sociais fossem uma mácula no currículo do futuro ministro.
Por tudo o que envolveu sua indicação e pela crise política que atinge a presidente, Fachin será mais fiscalizado do que a maioria dos colegas. Tal qual a mulher de Cesar, não bastará ser honesto. Exige-se que pareça honesto e independente.
Fachin usa redes sociais para responder a críticas
O que está errado não é a presidente escolher alguém da sua confiança. É o sistema que dá ao presidente o poder de escolher os ministros. Em vez de mudar esse sistema, o Congresso aprovou a chamada PEC da Bengala, estendendo a idade da aposentadoria compulsória para 75 anos, como forma de evitar que Dilma indique outros ministros para compor a Corte.
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