Adriano Duarte
Moradores de rua voltaram a ocupar o viaduto da Avenida Júlio de Castilhos, próximo ao Senac, no bairro Cinquentenário, em Caxias do Sul. Em 2009, a prefeitura instalou placas de concreto para impedir a prostituição e a junção de drogados na parte inclinada da construção, o que parece não ser mais suficiente. Desta vez, homens e mulheres se estabeleceram nos corredores que deveriam ser a passagem para pedestres, nos dois lados da elevada.
Esse é apenas um dos pontos de reunião de pessoas sem ligação com familiares ou moradia fixa pela cidade. O Centro de Referência Especializada de Assistência Social para População de Rua (Centro POP Rua) calcula que tem 30 locais ocupados regularmente por moradores de rua e outros 20 endereços sazonais, o que inclui casas abandonadas, marquises e viadutos. São 300 homens e mulheres cadastrados no serviço, mas nem todos ainda permanecem na rua ou no município.
Na manhã desta quarta-feira, quatro homens dormiam sobre colchões e papelões no viaduto da Júlio. Do outro lado, dois homens e uma mulher estavam deitados em colchões. Para se proteger do frio, o grupo prendeu lençóis velhos e panos nos corrimões. O dormitório improvisado já dura cerca de três meses, segundo vizinhos.
A reportagem tentou conversar com os novos moradores . Um deles se limitou a dizer que não é de Caxias. Os demais dormiam sem se importar com o barulho incessante de carros e caminhões.
- Quase ninguém passa por ali porque já era perigoso. Agora que tem gente ali certamente ninguém terá coragem de cruzar por baixo - diz um trabalhador da área.
Dormir ao relento poderia não ser a única opção. Caxias do Sul tem três serviços de acolhimento: a Casa Carlos Miguel (antigo albergue), no bairro Fátima, a Casa de Passagem São Francisco e o Acolhe Caxias, ambos no bairro Cinquentenário. Nesse período de frio, as três instituições com capacidade para 100 pessoas, no total, ficam lotadas. Contudo, sempre há maneiras de encaixar um hóspede a mais. A barreira que impede o atendimento mais abrangente é o vício em crack.
- Já abordamos muitas vezes esse pessoal que fica no viaduto do Senac. Eles aceitam vir conosco para tomar café, mas retornam para a rua ou para casa de familiares. O problema é que ali envolve a questão das drogas. Alguns usam as substâncias e ficam sem condições de ir para o outro lugar e dormem por ali - diz a gerente do POP Rua, Fabiana Débora Rockenback.
O serviço tem equipe para abordagem social e busca ativa. O telefone para contato é o 3901.1504.