Uma medida que a ex-secretária de Saúde Sandra Fagundes tentou implantar no governo Tarso Genro está entre as metas de seu sucessor, João Gabbardo, anunciadas na segunda-feira: fechar leitos em hospitais de pequeno porte e promover a ambulancioterapia em nome da economia de custos.
São 3 mil leitos que serão fechados em pequenas cidades para criar vagas em hospitais de média e alta complexidade, não necessariamente na mesma proporção, dado que o custo de um e outro é diferente.
Na prática, significa que, em vez de dar à luz na sua cidade, uma mulher de um pequeno município terá de conseguir transporte e encarar estradas mal conservadas para chegar a um centro maior e lá fazer o parto, natural ou cesárea, pelo SUS.
Prestação de serviços está em risco com atrasos em repasses do Estado
A matemática da Secretaria da Saúde diz que é antieconômico manter estruturas mínimas para a realização de partos nas pequenas cidades e recomenda o vaivém. Não apenas partos, mas outros atendimentos definidos por Gabbardo como "de baixa resolutividade".
Definida a teoria, vêm as dúvidas de como vai funcionar na prática:
- Todos os pequenos hospitais serão transformados em unidades básicas de saúde ou alguns serão fechados por falta de recursos?
- Qual é a distância máxima aceitável para o deslocamento de uma mulher em trabalho de parto?
- Se uma criança quebrar um braço, cortar uma perna ou sofrer uma queimadura, que tipo de socorro terá nas pequenas cidades?
- O Estado vai oferecer algum tipo de assistência às famílias dos pacientes que terão de se deslocar para cidades maiores e não têm como pagar hotel, ou deixará que recorram aos albergues de políticos, verdadeiras máquinas de fazer deputados?
De um modo geral, as metas da Secretaria da Saúde são tímidas. Os índices com os quais o secretário Gabbardo se comprometeu só representam algum desafio porque o orçamento encolheu e será preciso administrar a escassez. A única meta ousada é a da redução da mortalidade infantil de 10,65 por mil nascidos vivos para 9,99, mas essa depende, em muito dos programas sociais e da ação dos municípios.
A ampliação do programa Primeira Infância Melhor seria louvável, não fosse a indigência dos números. A meta é elevar de 4,14% (no ano passado) para 5,1% (neste ano), o número de crianças de zero a três anos atendidas por um programa vendido desde a sua criação como essencial para o desenvolvimento infantil.
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Rosane de Oliveira: menos leitos, uma preocupação para o Interior
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Rosane de Oliveira
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