Cinco dias após a publicação dos resultados preliminares das eleições legislativas de 9 de agosto, organizações da sociedade civil haitiana denunciaram nesta terça-feira as decisões "antidemocráticas" tomadas pelo Conselho Eleitoral Provisório (CEP).
Após a violência ocorrida durante as eleições, o CEP decidiu validar apenas os resultados dos colégios eleitorais onde pudesse recuperar pelo menos 70% dos processos verbais.
As eleições para eleger deputados e senadores serão reorganizadas em 25 das 119 seções eleitorais do país onde o mínimo não foi atingido.
"Em um sistema democrático de sufrágio universal, não podemos validar os resultados se faltam 30% dos processos verbais", declarou Gédéon Jean, diretor do Conselho Nacional de Observação Eleitoral.
"Isso pode influenciar significativamente o resultado da votação", reclamou, durante uma coletiva de imprensa em Porto Príncipe.
Organizações haitianas de defesa dos direitos humanos exigem que o CEP puna aqueles que perturbaram a votação.
"Os maiores beneficiários dos resultados publicados pelo CEP são os responsáveis pela violência", disse Pierre Esperance, secretário-geral da Rede Nacional para a Defesa dos Direitos Humanos (RNDDH).
"Sua estratégia, com a cumplicidade das forças de segurança e da justiça, foi a de, nos locais onde não estavam em posição de força, destruir os colégios eleitorais", prosseguiu.
Atualmente, os tribunais eleitorais examinam dezenas de processos de impugnação de candidatos e partidos políticos. Desde então, o CEP excluiu 16 candidatos.
* AFP
