
Turbinado pela Operação Lava-Jato, que enquadrou empresários e políticos envolvidos em corrupção na Petrobras, o atual procurador-geral da República, Rodrigo Janot, tenta, nesta quarta-feira, a reeleição. É o favorito, mas não será um pleito fácil. Isso porque aquilo que seria natural - o mais votado entre os colegas ter sua eleição confirmada pela Presidência da República e pelo Congresso - é um caminho duvidoso.
Até por ter aberto investigações contra políticos, do governo e da oposição, são grandes as chances do mineiro Janot ser preterido na escolha. Integrantes do governo federal garantem que a presidente Dilma Rousseff apoiará o escolhido pelo voto dos procuradores, mesmo que seja Janot, cuja Lava-Jato é o maior espinho dos tantos que estão atravessados nas hostes governistas.
Já o posicionamento do Congresso será um mistério. Tanto o presidente da Câmara Federal, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), quanto o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), são investigados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por supostas propinas cobradas no âmbito da Petrobras. Como vingança, podem boicotar a recondução de Janot ao cargo. Há quem aposte que vão botar suas fichas na aprovação de qualquer outro procurador, menos o atual.
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Entre seus pares, Janot é franco favorito, inclusive entre alguns jovens procuradores da Lava-Jato. Isso porque deu à PGR um protagonismo talvez nunca antes experimentado. Tirou da figura do procurador-geral da República o estigma de "engavetador geral da República", ganho pelo ex-PGR Geraldo Brindeiro, que costumava arquivar acusações na época do presidente Fernando Henrique Cardoso.
Os apoiadores de Janot enxergam no subprocurador-geral da República Carlos Frederico Santos o maior adversário. Amazonense, fez carreira em decisões que apóiam a causa indígena. A ameaça a Janot viria, porém, do fato de Santos ter sido o braço direito do ex-procurador Antônio Fernando de Souza - hoje, nada mais nada menos, que advogado do deputado federal Eduardo Cunha. Santos, porém, nega ser amigo de Cunha ou contar com apoio dele na eleição.
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Os azarões na disputa são o paulista Mário Bonsiglia, visto como um sujeito sem "papas na língua", e Raquel Dodge, especialista da área criminal, mestre em Harvard e que conseguiu notoriedade ao condenar o ex-deputado Hildebrando Pascoal por ordenar a morte de um adversário com motosserra. O resultado preliminar da eleição deve sair ainda nesta quarta-feira.
Entenda as fases da Operação Lava-Jato:
* Zero Hora