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De meros suspeitos de envolvimento em corrupção na Petrobras, três parlamentares federais bastante conhecidos terão sua condenação pedida pela Procuradoria-Geral da República (PGR). São eles os senadores Fernando Collor de Mello (PTB-AL) e Ciro Nogueira (PP-PI) e o deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) - este, no momento, nada menos que o atual presidente da Câmara dos Deputados.
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E o que pesa contra eles? Diversos depoimentos que mencionam corrupção e lavagem de dinheiro. Os três estão entre os 54 parlamentares que tiveram inquéritos abertos pela PGR em março deste ano, a partir de revelações da Operação Lava-Jato, ação da Polícia Federal e Ministério Público Federal contra corrupção na estatal de petróleo. Grande parte desses investigados também será denunciada, nos próximos dias.
Os três envolvidos negam veementemente ter recebido dinheiro ilegal desviado da Petrobras.
Confira aqui o principal teor das suspeitas contra Collor, Ciro Nogueira e Eduardo Cunha:
Fernando Collor de Mello: é suspeito de ter recebido R$ 3 milhões de propina em um negócio envolvendo a BR Distribuidora. A informação partiu do doleiro Alberto Youssef, delator da Lava-Jato, que teria repassado o dinheiro em diversas etapas. Em delação premiada, o doleiro disse que fez vários envios de dólares e reais para Collor a pedido de Pedro Paulo Leoni Ramos, ex-ministro do governo Collor e dono da GPI Participações e Investimentos, empresa que fazia negócios com Youssef. Um empregado de Youssef, o também doleiro Rafael Ângulo Lopez, diz que entregou pessoalmente para Collor um pacote de dinheiro, no apartamento do ex-presidente em São Paulo.
Em uma busca realizada num dos escritórios de Youssef, a PF encontrou depósitos anotados para Pedro Paulo que somam R$ 50 mil, o que corrobora, em parte, as afirmações do doleiro. Em 14 de julho, a PF fez buscas em propriedades de Collor e confiscou três carros de luxo: uma Ferrari, uma Lamborghini e um Porsche. A investigação contra o ex-presidente é o Inquérito 3883/2015.
Imagem: Reprodução PGR
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Ciro Nogueira: presidente do Partido Progressista, embasa em delações tanto de Alberto Youssef como de Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, ligado ao PP. Eles dizem que o senador do Piauí assumiu a liderança do Partido Progressista numa rebelião contra o ex-ministro Mário Negromonte e que passou a exigir os repasses de propina oriundos da Petrobras. Os dois mencionam reuniões em hotéis no Rio de Janeiro, para estabelecimento de percentuais de suborno. Nogueira controlaria a redistribuição dos valores a parlamentares do PP, inclusive vários gaúchos. Tudo é investigado no Inquérito 5260/2015.
Imagem: Reprodução PGR
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Eduardo Cunha: o executivo Julio Camargo (consultor da construtora Toyo-Settal e um dos 15 delatores que colaboram com a Operação Lava-Jato) diz que subornou com US$ 5 milhões o presidente da Câmara Federal, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O dinheiro teria sido usado para abafar uma investigação que os parlamentares fariam sobre a Toyo e contratos ganhos mediante corrupção na Petrobras. A investigação foi arquivada, a pedido de Cunha. Outro que relata recebimento de "vantagens indevidas" por parte de cunha é o doleiro Alberto Youssef, também delator. Ele diz que o deputado teria recebido dinheiro para intermediar o aluguel de sondas de perfuração de petróleo pela Petrobras.
"Para viabilizar a assinatura do contrato com a Sansung (fabricante das sondas) foi demandado que Julio Camargo repassasse para o PMDB percentual que o declarante não sabe precisar, mas que se destinava a pagamento de vantagem indevida a integrantes do partido PMDB, notadamente o deputado federal Eduardo Cunha", diz trecho da delação de Alberto Youssef.
Imagem: Reprodução PGR
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