
Desde de abril de 2014 - quando os contratos da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, entraram na mira da Polícia Federal -, o nome da empreiteira Engevix apareceu como uma das ligadas ao esquema de corrupção da Petrobras. A gigante, que atua em diversos setores da economia, como energia, portos, aeroportos e estradas, firmou um contrato com a estatal para a construção de 52 edificações em 690 mil m² de área no Porto de Suape. A força tarefa da Operação Lava-Jato estima que até 0,5% do valor da refinaria no Litoral Sul de Pernambuco seja desviado para o pagamento de propinas. Hoje, a obra é orçada em torno de U$ 20 bilhões.
Em novembro do mesmo ano, o vice-presidente da Engevix, Gerson Almada, foi preso suspeito de participar do cartel de empreiteiras que fraudavam licitações da Petrobras. Ele responde na Justiça Federal por corrupção ativa, lavagem de dinheiro e participação de organização criminosa.
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O nome da empresa apareceu mais uma vez na investigação das obras da Usina Nuclear de Angra 3, no Rio de Janeiro, onde atua no Consórcio Agramon. De acordo com a Polícia Federal, a Engevix teria pagado propina para a Eletronuclear (ligada à Eletrobras) para participar das obras no empreendimento. Entre 2011 e 2013, as duas empresas firmaram contratos no valor de R$ 140 milhões. Na 19ª fase da Lava-Jato, José Antunes Sobrinho, um dos sócios da Engevix, foi preso preventivamente em Florianópolis suspeito de repassar R$ 765 mil para o ex-presidente da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro da Silva, e influenciar testemunhas.
Além das fraudes e, contratos com a usina e a refinaria, a Polícia Federal afirma que a Engevix pagou R$ 1,1 milhão ao ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, para manter a empreiteira em boas graças com o Partido dos Trabalhadores (PT) e garantir novos contratos. A empresa também está associada ao lobista Milton Pascowitch, que seria o responsável por intermediar o pagamento a José Dirceu.
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A Engevix faz parte, desde dezembro, de uma lista de 23 empresas proibidas de firmar novos contratos com a Petrobras por estarem associadas ao esquema de corrupção na estatal. Entre as gigantes estão o Grupo Odebrecht, Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa e OAS.
Atuação em diversos setores pelo Brasil
Uma olhada rápida pelo currículo da empreiteira mostra o tamanho da sua participação em obras públicas em todos os cantos do país. Mais de uma centena de empreendimentos de grande porte estão ligados à empresa, entre eles obras na Usina de Angra 3, Refinaria de Abreu e Lima, construções e reformas de 20 aeroportos, nove portos e mais de 8 mil quilômetros de rodovias, além de ferrovias e metrôs, como o de São Paulo. Do outro lado das linhas pontilhadas nos contratos firmados, estão gigantes como Petrobras, Eletrobras, Grupo Votorantim, Dnit, Companhia Siderúrgica Nacional, Sabesp, entre outros.
O Grupo Engevix tem sede em São Paulo e escritórios em outras três cidade no Brasil: Florianópolis, Rio de Janeiro e Brasília, além de projetos em Angola, Argentina, Bolívia, Peru, Colômbia, Venezuela, Costa Rica, Nicarágua, Equador, México, Namíbia e Nepal.
Em solo catarinense, a empresa está associada às usinas hidrelétricas de Itá e São Roque, centenas de metros de linhas de transmissão, obras de saneamento da Casan e no Aeroporto Internacional Hercílio Luz. O escritório na Capital catarinense também é um ponto de ligação com os projetos no Rio Grande do Sul, onde a empresa tem importante participação no setor elétrico.