
Abdullah Kurdi, o pai do menino sírio de 3 anos encontrado morto em uma praia da Turquia na quarta-feira, falou nesta quinta sobre a tragédia. Desolado, contou que perdeu também a mulher e outro filho de 5 anos no naufrágio com pelo menos 12 vítimas fatais. A foto se tornou uma das mais representativas da crise migratória na Europa e emocionou o mundo.
- Meus filhos escorregaram das minhas mãos - disse à agência de notícias turca Dogan.
-Tínhamos jalecos salva-vidas, mas o barco afundou porque várias pessoas se levantaram. Carreguei a minha mulher nos braços. Mas meus filhos escorregaram das minhas mãos - contou o pai.
A família é da cidade síria de Kobane, palco de intensos confrontos entre o Estado Islâmico e milícias curdas. Abdullah disse que a família pagou para atravessar da Turquia para a ilha de Kos duas vezes - essa era a segunda vez que tentavam chegar à Grécia. Na primeira, o barco em que viajavam foi interceptado pela Guarda Costeira grega e mandado de volta. Já na segunda vez, nessa quarta-feira, depois de navegarem por 500 metros, começou a entrar água no barco. Ele relatou que houve pânico, o que piorou a situação.
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Após o naufrágio, Abdullah ligou para a irmã, que mora em Vancouver há 20 anos, e disse que seu único desejo é voltar para a cidade de Kobane para enterrar seus familiares e ser enterrado ao lado deles. De acordo com ele, 16 membros de sua família que combatiam o grupo jihadista Estado Islâmico morreram na sua cidade natal.
Depois que o naufrágio se tornou público, o Canadá ofereceu asilo a Abdullah, mas ele afirmou que rejeitou a oferta.