Bruna Scirea
Moradores das proximidades do viaduto da Silva Só, em Porto Alegre, acordaram com um silêncio incomum nesta manhã. Nem parecia quarta-feira.
- Normalmente ônibus e ônibus e carros e carros começam a passar logo cedo. E, de repente, era dia de semana e não tinha nada de barulho. Assustador - definiu Ana Marta Carpes, professora estadual que mora em uma apartamento na região.
O silêncio veio pouco depois das 7h, quando o movimento começava a se intensificar sobre e sob o viaduto. A Brigada Militar recebeu um alerta: havia uma mala com um suposto artefato explosivo, exatamente na metade do elevado, na pista da direita do sentido Centro-bairro. Minutos depois, o trânsito estava completamente bloqueado - e o barulho que costuma se acumular por ali se espalhava então por congestionamentos nas avenidas Goethe, Protásio Alves e ruas menores do Bom Fim.
AO VIVO: acompanhe o impacto do terceiro dia de greve no RS
Demorou para se ter certeza de que não era uma bomba, mas um simulacro feito de argila e madeira, enrolado em papel alumínio e embrulhado em uma mala _ o responsável pelo "atentado" ainda não foi identificado.
BM, bombeiros, agentes da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) prepararam a área. O trabalho atrasou porque o Grupamento de Ações Táticas e Especiais (Gate) levou cerca de três horas para chegar: familiares de PMs tentaram impedir a saída dos policiais da sede do Batalhão de Operações Especiais da Brigada Militar (BOE) para atender ao chamado. Foi preciso enviar dois homens sem farda, evitando um confronto com os manifestantes, como informou o repórter Jocimar Farina, da Rádio Gaúcha.
Por volta das 10h, um caminhão do Corpo de Bombeiros se aproximou do local onde estava a mala e deixou mangueiras de água a postos. Brigadianos gritaram para moradores que se empilhavam nos edifícios que fechassem as janelas - havia risco de que estilhaços voassem. E com uma corda, amarrada à alça, a mala foi arrastada até o centro do viaduto. Em poucos minutos, um pouco de fumaça. E então o estrondo.
- Não tinha bomba dentro da mala - afirmou a capitã da BM Cristiane Oliveira.
O material foi recolhido e levado para avaliação. Junto a ele, estava uma faixa com a seguinte mensagem: "Sartori, se quer terrorismo, vai ter". Ela estava estendida em um dos lados do viaduto quando a BM chegou ao local, conforme contaram policiais.
A atuação dos dois especialistas do Gate à paisana, sem as roupas de proteção características em ações de suspeita de bomba, chamou a atenção dos moradores - que achavam que aqueles homens que se arriscavam nem eram, na verdade, o "tal do Gate". "O Gate não se veste assim", diziam.
Leia as últimas notícias do dia
De acordo com o major Ronie Coimbra, assessor de Comunicação da BM, o BOE teve que criar alternativas devido ao bloqueio em frente ao batalhão, encaminhando policiais sem farda. Mas a segurança estava garantida, afirma:
- Um grupo precursor avaliou a situação antes de o Gate chegar e viu que não havia riscos. Eles só adotaram esse procedimento porque sabiam que estavam em segurança. A explosão do objeto suspeito foi para descartar qualquer dúvida.
Às 10h30min, o trânsito começava a se normalizar na região. E o barulho voltava a tomar conta da rotina de moradores e trabalhadores das proximidades do elevado. E já que não era bomba _ e que não teve de encarar congestionamento _, a aposentada Vera Gonçalves comemorou:
- Domingo, feriado... sempre tem movimento. Hoje parecia que eu estava na praia. Só que aqui na frente estava o viaduto, não o mar.
Congestionamentos foram registrados em locais como a Avenida Goethe
Foto: Reprodução/EPTC
- Mais sobre:
- trânsito
- bomba
- ameaça
- porto alegre