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Denúncia

Cunha recebeu US$ 5 mi como prêmio por ter cobrado propina atrasada, diz PGR

Presidente da Câmara usou mandato para pressionar o operador financeiro Júlio Camargo a pagar dívidas relativas à venda de dois navios-sonda à Petrobras

Carlos Rollsing

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Elza Fiuza / Agência Brasil

Em aditamento à denuncia contra Eduardo Cunha, com data do dia 14 de outubro, o procurador-geral da República em exercício, Eugênio José Guilherme de Aragão, relatou em detalhes a atuação do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para receber propina no caso da fabricação de dois navios-sonda para perfuração de petróleo pela Petrobras.

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Cunha pressionou e usou o seu mandato para encurralar o operador financeiro Júlio Camargo, então devedor de propinas, a quitar as dívidas originárias de desvios de recursos da Petrobras.

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Pelos serviços, Cunha teria recebido pagamentos milionários, conforme relata a PGR na denúncia ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Em 2010, Fernando Soares, o Baiano, procurou Cunha para pedir ajuda na cobrança da quantia devida por Júlio Camargo. O pagamento era devido desde meados de 2006, quando foi firmado o contrato para que dois navios-sonda fossem construídas para a Petrobras perfurar campos de petróleo. Baiano teria explicado ao parlamentar as irregularidades envolvendo o negócio, inclusive a oferta de propinas. Ofertou a Cunha US$ 5 milhões em caso de êxito na cobrança.

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Inicialmente, o peemedebista autorizou Baiano a usar o seu nome na cobrança de Camargo.

"Como não obtiveram sucesso, Eduardo Cunha e Fernando Soares se reuniram algumas vezes e, em 2011, decidiram estabelecer uma forma mais incisiva de cobrança. Foi estabelecido que Eduardo Cunha receberia o percentual de 50% daquilo que lograsse obter na cobrança de valores indevidos de Júlio Camargo. Algum tempo depois, Eduardo Cunha se reuniu novamente com Fernando Soares e afirmou que havia tomado a decisão de fazer requerimentos na Comissão de Fiscalização da Câmara como forma de pressão para o pagamento da propina", diz trecho do aditamento da denúncia da PGR.

O peemedebista pediu detalhes dos negócio de Júlio Camargo com a Petrobras, inclusive relacionado às empresas que ele representava. Na iniciativa, Cunha teria contado com a deputada federal Solange Almeida (PMDB-RJ), que apresentou os requerimentos de informações. Com a estratégia em curso, uma reunião foi realizada em setembro de 2011, com a participação de Cunha, Baiano e Camargo.

"Nesse encontro, ficou acertado o pagamento de US$ 5 milhões para Eduardo Cunha e US$ 5 milhões para Fernando Soares, de maneira parcelada", diz a denúncia.

As remessas foram feitas de maneiras distintas, contando com a ajuda do doleiro Alberto Youssef e do seu emissário, Jayme Careca. Parte dos valores foi entregue em espécie em um escritório de Cunha, no Rio.

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Também neste encontro ficou acertado o pagamento de US$ 1 milhão a Paulo Roberto Costa, então diretor da Petrobras, em razão da intermediação que faz na aquisição do primeiro navio-sonda.

A denúncia da PGR contou com detalhes relatos por Fernando Soares, o Baiano, que acertou acordo de delação premiada com a Justiça.

Cunha também recebeu outros pagamentos indevidos a partir de fretamentos de táxi aéreo e na compra de um campo de exploração de petróleo pela Petrobras no Benin.

A PGR, que já investigava Cunha pela caso dos navios-sonda, solicitou nesta semana que novo expediente seja aberto para investigar a ele, a esposa e a filha em decorrência da descoberta de contas secretas de propriedade da família na Suíça, Grã-Bretanha e Estados Unidos.

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