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O motorista do caminhão envolvido nas mortes de uma criança e duas adolescentes na BR-386 afirmou ter percebido a falta de um dos rodados apenas depois de estacionar para tomar café em um posto à beira da rodovia, em Fontoura Xavier. Ele parou no local cerca de uma hora após o acidente, que ocorreu às 6h40min em Estrela, no Vale do Taquari. O condutor foi detido em Tio Hugo, no Norte do Estado.
Com três décadas de profissão, Helio Fernando da Rosa Amador, 53 anos, levava o veículo vazio. Ele havia saído às 5h de uma transportadora em Alvorada, na Região Metropolitana, e seguia para Carazinho, onde faria o carregamento com grãos.
- Quando desci do caminhão, olhei e pensei: "Ué, cadê os pneus?". Como também prestamos serviço em Tio Hugo, liguei para o meu chefe e ele falou para ir até uma oficina na cidade (a cerca de 60 quilômetros de Fontoura Xavier). Quando estava lá, chegaram os policiais e me avisaram o que tinha acontecido - disse Amador, em entrevista a ZH na Delegacia da Polícia Civil de Estrela no começo da tarde desta segunda-feira.
Abalado, o caminhoneiro teve uma crise de pressão alta e foi medicado na delegacia.
- Estou me aposentando, nunca tive problemas, e agora me acontece isso - lamentou.
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O veículo ficou detido em um depósito do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) em Soledade. Conforme o delegado José Romaci Reis, o motorista será autuado pelos três homicídios, pela lesão corporal na quarta vítima e por ter se afastado do local sem prestar socorro:
- Se ele viu algo ou não, terá de provar depois. A princípio, será autuado como delito culposo (sem intenção de matar).
O motorista apresentou notas que mostram que o caminhão havia passado por revisão na sexta-feira. Segundo ele, havia sido gasto quase R$ 2 mil na troca de óleo, lona de freio e parafuso de roda. Segundo a Polícia Civil, Amador deve ser levado ainda nesta segunda para o Presídio Regional de Lajeado.
Transportadora acredita que possa ter ocorrido "falha mecânica"
Gerente de Transporte da Trans Laso Transportes Ltda., João Francisco Feijó Paris foi a Estrela como representante da empresa que é dona do caminhão e que emprega o motorista Helio Fernando da Rosa Amador há 20 anos, incluindo uma pausa há nove anos.
Paris explica que a transportadora foi criada há quatro anos e pertence à mesma família que é dona da Cerealista Oliveira Ltda. (marca que aparece na carroceria do caminhão). Ambas têm sede em Alvorada.
O gerente garante que, embora o veículo conduzido por Amador tenha 20 anos de uso, passou por revisão completa nas últimas duas semanas.
- Eu acho que foi uma falha mecânica. O motorista não tem como ver aquilo ali. O caminhão vazio, andando. (...) Se a roda foi mal apertada, se afrouxou, se quebrou alguma, só a perícia vai dizer pra gente o que foi que aconteceu - afirma Paris.
* Zero Hora