DILMA ROUSSEFF


Como se movimenta
A presidente quer contar com o tempo a seu favor. A previsão de que o trâmite das contas de 2014 no Congresso se arraste até o início de 2016 e de que a investigação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) se estenda por nove meses - e pode ir além com recursos no Supremo Tribunal Federal (STF) - daria-lhe a oportunidade de aprovar medidas do ajuste fiscal e manter os vetos à pauta-bomba, melhorando o ambiente político e econômico.
Onde emperra
Mesmo após a reforma ministerial, promovida para obter sustentação política no Congresso, não conseguiu quórum para assegurar os vetos a projetos que elevam despesas. A falta de uma base de apoio sólida pode fazer com que algum processo de impeachment tenha andamento, colocando seu mandato sob risco. A piora das condições econômicas amplia o clima de insatisfação popular.
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Como se movimenta
Alijado da influência no Palácio do Planalto no início do segundo mandato de Dilma, o ex-presidente recuperou postos-chaves no governo na última reforma ministerial. Também intensificou conversas com parlamentares petistas em busca de apoio à presidente no Congresso. Está de olho no cenário eleitoral de 2018, sendo candidato ou não.
Onde emperra
Enfrenta dificuldades para fazer valer suas opiniões perante Dilma. Além disso, aparece citado com frequência por ligações com empreiteiras e lobby a favor de empresas envolvidas em corrupção na Petrobras. É o alvo preferencial da oposição nas críticas ao PT e às gestões do partido, que espera que ele seja investigado pela Operação Lava-Jato.
MICHEL TEMER
Como se movimenta
Calejado pela política, o vice-presidente atua nos bastidores. Afastou-se da articulação política do governo depois do episódio sobre a intenção do Planalto de recriar a CPMF. Ele também não se envolveu, oficialmente, na recente reforma ministerial. Mesmo que tenha dito que "impeachment é impensável", algumas manifestações em eventos e conversas privadas animam quem quer vê-lo na Presidência - em setembro, recorreu a uma nota oficial para negar que estivesse conspirando.
Onde emperra
Atuar abertamente em favor do afastamento de Dilma poderia colocar em Temer a alcunha de golpista, o que não deseja. Mesmo presidindo o PMDB há 15 anos, não teria todo o partido sob controle. Caso a ação sobre a eleição de 2014 prospere no TSE e chegue à cassação do diploma da chapa, seria afastado com Dilma.
EDUARDO CUNHA
Como se movimenta
Investigado por suspeitas de envolvimento em corrupção na Petrobras, o peemedebista fluminense trava uma batalha contra o tempo, como Dilma. Antes mesmo do rompimento oficial com o Planalto, colocou em votação as pautas-bomba, que elevam as despesas e comprometem o ajuste fiscal proposto pelo governo. Com poder sobre um grande grupo de deputados, principalmente do baixo clero, conseguiu, na semana passada, impedir a votação dos vetos presidenciais. Para se proteger e sair do foco, colocaria em marcha um processo de impeachment contra Dilma.
Onde emperra
Na expectativa não só de manter-se na presidência da Câmara, mas no próprio mandato, Cunha enfrenta uma sequência de denúncias sobre seu envolvimento em casos investigados na Operação Lava-Jato. As contas que tem em bancos suíços - confirmadas pelas autoridades daquele país em documentos enviados ao Brasil e negadas pelo deputado -, deram insumo para pedidos de investigação que podem levá-lo à cassação - a oposição a Dilma espera que, antes de cair, Cunha dê andamento ao impeachment.

AÉCIO NEVES
Como se movimenta
Candidato derrotado, o mineiro é o nome mais em evidência na oposição. É o principal apoiador do impeachment. Ancora-se em investigações da Lava-Jato sobre repasses de recursos para a campanha petista do ano passado. No Congresso, o PSDB se opõem a todos os projetos apresentados pelo Planalto, inclusive o ajuste fiscal.
Onde emperra
Teria dificuldades para manter-se em evidência até 2018 e ser o candidato tucano à Presidência, já que enfrenta concorrentes dentro do próprio partido, como o governador paulista, Geraldo Alckmin. Há, também, denúncias sobre irregularidades cometidas durante o período em que era governador de Minas, como o uso de jatinho oficial para viagens particulares ao Rio de Janeiro. O doleiro Alberto Youssef citou que Aécio teria recebido dinheiro de corrupção em Furnas.
AUGUSTO NARDES
Como se movimenta
O ministro do Tribunal de Contas da União Augusto Nardes apresentou, na quarta-feira, seu parecer contrário ao balanço do governo em 2014, recebendo apoio unânime dos pares. Declarações sobre o processo foram interpretadas pelo Planalto como antecipação de voto e questionadas, sem sucesso, no Supremo, em uma tentativa de protelar a votação. O resultado deu combustível a discussões sobre impeachment.
Onde emperra
Nardes, que é ex-deputado federal pelo PP-RS, foi citado em investigação da Polícia Federal sobre esquema de fraudes no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf). Ele nega envolvimento no caso. O Ministério Público Federal (MPF) do Distrito Federal quer remeter as suspeitas contra Nardes ao STF por considerar que há elementos indicativos da possível participação do ministro.
RENAN CALHEIROS
Como se movimenta
No início do ano, às vésperas de ter seu nome incluído na lista de políticos investigados pela Operação Lava-Jato, o presidente do Senado abriu o confronto entre o Congresso e o Planalto e devolveu uma medida provisória. No segundo semestre, o peemedebista mudou de postura e passou a ser aliado de Dilma na tentativa de isolar Eduardo Cunha. Renan recebeu o endosso da presidente à Agenda Brasil, documento de 29 propostas de alterações legislativas que apresentou para a retomada do crescimento econômico. A proposta não durou uma semana e acabou esquecida.
Onde emperra
Renan é investigado por suposto recebimento de recursos desviados da Petrobras, conforme denúncia feita por delatores da Lava-Jato. Com a inclusão de seu nome no rol sob averiguação, o senador abriu artilharia contra o procurador­geral da República, Rodrigo Janot, reconduzido ao cargo neste ano. Em dezembro de 2007, Renan renunciou à presidência do Senado para escapar da cassação - havia denúncias de que suas contas pessoais eram pagas com dinheiro de propina de lobistas.
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GERALDO ALCKMIN
Como se movimenta
O governador de São Paulo busca pavimentar o caminho para ser o candidato do PSDB à Presidência em 2018. Por isso, não defende o impeachment e diz que colocar essa medida em discussão é "precipitado". Alckmin também tem interesse em atrair mais investimentos para o Estado que governa e, com isso, ter melhores condições para disputar a eleição.
Onde emperra
A crise de abastecimento de água pela qual passa a região metropolitana de São Paulo macula a administração de Alckmin, assim como os tucanos enfrentam investigação por superfaturamento na compra de trens durante a gestão do partido. Em 2006, Alckmin concorreu à Presidência e foi derrotado por Lula, que buscava a reeleição. No segundo turno, o candidato do PSDB fez menos votos do que havia conquistado na primeira votação.