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A Polícia Federal (PF) cumpriu na manhã desta terça-feira mandado de prisão preventiva e prendeu o pecuarista José Carlos Bumlai, conhecido por ser amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e que é suspeito de ter lucrado com tráfico de influência durante o governo dele.
A prisão, feita num hotel em Brasília, foi ordenada pelo juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, no âmbito da 21ª fase da Lava-Jato. Batizada de Operação Passe Livre, essa etapa cumpre 25 mandados de busca e apreensão, um de prisão preventiva e seis de condução coercitiva nos Estados de Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo, além do Distrito Federal.
De acordo com a PF, as investigações apuram indícios de fraude em licitação para a contratação de navio sonda pela Petrobras. Os suspeitos teriam feito uma engenharia financeira para ocultar a real destinação de valores indevidos pagos a agentes públicos e diretores da estatal. São 140 policiais federais e 23 auditores fiscais envolvidos na apuração dos crimes.
Bumlai iria depor nesta terça-feira na CPI do BNDES, no Congresso Nacional. Ele é suspeito de ter se beneficiado em contratos desse banco de fomento controlado pelo governo federal. Um dos delatores da Lava-Jato, o lobista Fernando Soares, o Baiano, declarou em colaboração premiada ter repassado R$ 2 milhões a Bumlai referente a uma comissão que o pecuarista teria direito por, supostamente, pedir a intermediação de Lula em uma negociação por um contrato.
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Baiano representava a empresa OSX, interessada em vencer licitação para construir navios-sonda para explorar petróleo na camada de pré-sal. Ele teria pago os R$ 2 milhões para Bumlai, para que ele intercedesse para agendar uma audiência com o ex-presidente da República, Lula, em 2011. A audiência ainda teria participação de João Carlos Ferraz, então presidente da Sete Brasil, uma das fornecedoras da Petrobras na exploração petrolífera. O negócio não foi adiante, mas Baiano afirma ter pago o dinheiro pela intermediação.
Bumlai, em entrevistas, negou ter pago suborno, mas admitiu ter levado empresários do setor de petróleo para audiências com o ex-presidente Lula. Isso teria ocorrido em 2011.
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Outra delação, feita por um dos diretores do Banco Schahin, afirma que o grupo emprestou R$ 12 milhões a Bumlai para que ele marcasse uma reunião desse grupo com o tesoureiro do PT, Delúbio Soares, em 2004. A intenção era garantir um contrato para operar o navio-sonda Vitória 10.000. Em troca, o PT teria perdoada uma dívida com empresas do grupo. Bumlai foi levado para Curitiba para esclarecer esses contratos.