
As buscas pelos desaparecidos em Mariana, em Minas Gerais, em função do rompimento de duas barragens da mineradora Samarco, ganharam o reforço de dois cães da raça pastor-alemão e um pastor-belga malinois. Conforme o jornal Folha de S.Paulo, os animais têm cerca de quatro anos de experiência cada e viajaram do Espírito Santo para o distrito de Bento Rodrigues acompanhados por quatro soldados do Corpo de Bombeiros capixaba. De acordo com coordenador estadual de operações com cães, tenente-coronel Leonardo Merigueti, a equipe enviada para Minas Gerais é a mais experiente do Estado.
- Enviamos nossa equipe mais experiente. Esses animais podem localizar vítimas vivas, que é o que esperamos, mas também podem localizar corpos - afirmou o coronel ao jornal paulista.
As equipes de socorro trabalham também no resgate de animais
O coronel disse ainda que os bombeiros que estão em Mariana relataram que as condições de trabalho são muito desgastantes.
- Acabo de falar com a equipe e o terreno ainda está muito instável. A lama é muito mole e o desgaste físico dos animais e bombeiros é grande - disse Merigueti para o jornal Folha de S.Paulo.
O capitão Rafael Cosendey, do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais, não deixa o distrito de Bento Rodrigues desde a última quinta-feira, quando duas barragens se romperam e a comunidade foi atingida pela lama. No local da tragédia, ele coordena as operações de busca e resgate. Já ajudou a salvar a vida de animais presos no barro, a encontrar documentos em casas enlameadas e a recuperar corpos encontrados na região.
Ao detalhar o trabalho dos militares no local, ele explica que foi definida uma rotina de turnos para que os homens não cheguem à exaustão.
- Se os 40 militares que temos hoje tentarem trabalhar das 8h às 18h, não vão conseguir. Por isso, a gente tem que fazer o revezamento, pra poder dar sequência e fazer com que o serviço renda mais.
De acordo com o capitão, o monitoramento da Barragem de Germano, que permanece intacta e cheia de resíduos, está sendo feito 24 horas por dia. Um posto de comando foi fixado dentro da mineradora responsável pelas atividades na região, a Samarco, e está conectado com a base em Bento Rodrigues por meio de uma sirene.
- Temos as viaturas e todo um plano de segurança, principalmente para os militares que trabalham ao longo do dia. Há um plano de evacuação e uma rota de fuga. Temos sinais sonoros que a gente utiliza para que os militares evacuem, se houver necessidade. O caminho é pela rota que está sendo feita por vocês agora - disse aos jornalistas.
Cosendey lembrou que alguns moradores e parentes de pessoas que continuam desaparecidas estão sendo chamados a retornar à comunidade, numa tentativa de buscar todas as ferramentas possíveis para direcionar o trabalho das equipes.
- Em um evento de grande magnitude como esse, onde há um território imenso para ser feita a busca, a gente vai juntando o histórico e a narrativa das pessoas, onde ficava cada residência, árvore, praça, rua.
No momento em que a equipe de reportagem estava no local da tragédia, o pai do menino Thiago Damasceno Santos, de 7 anos, auxiliava os homens na busca pela criança, que continua desaparecida desde o rompimento das barragens. Horas antes, militares haviam encontrado indícios que apontavam que o quarto do menino poderia estar ali, soterrado pela lama. Segundo o capitão, foram encontrados troféus ganhos na escola e roupas infantis.
Com esse tipo de referência e com as ferramentas estratégicas utilizadas pela equipe de busca e resgate, como cotas altimétricas, cartas topográficas e coordenadas geográficas do povoado, além do uso de aeronaves, as buscas são facilitadas.
- Queremos acelerar esse trabalho porque a gente sabe que as pessoas estão sofrendo demais com a situação e todo esse desastre. Apesar de estarmos preparados, mexe muito com todos nós. A gente se esforça na tentativa de dar um alento para essas famílias - concluiu Cosendey, antes de retirar repórteres, fotógrafos e cinegrafistas do local diante da iminência de uma forte chuva na região.