O Brasil jamais passou por uma situação assim: num dia o cidadão é poderoso, detém um mandato parlamentar ou a presidência de um banco, e no outro está na cadeia. Evidentemente, a premissa para isso é a de que o cidadão tenha efetivamente culpa em cartório e que seja investigado com estrito respeito às leis e à Constituição. Trata-se de um choque de Justiça nunca visto na história deste país. Se os processos do mensalão e da Lava-Jato pareceram, num primeiro momento, obras de procuradores ousados e magistrados destemidos, a chancela do Supremo Tribunal Federal e do próprio parlamento para as investigações e as prisões deixa a esperança de que estamos mesmo migrando para uma cultura de maior seriedade e integridade no trato com a coisa pública.