
O juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, condenou nesta segunda-feira o 59º réu da Operação Lava-Jato, que atua contra corrupção na Petrobras. O condenado do dia é o ex-deputado federal Luiz Argôlo, baiano que foi ligado ao PP e hoje está afastado do Solidariedade. Ele foi sentenciado a onze anos e onze meses de reclusão. O ex-parlamentar está preso desde abril em Curitiba, por força da Lava-Jato.
Argôlo foi condenado por ter recebido cerca de R$ 1,2 milhão do doleiro Alberto Youssef, segundo o processo judicial. O ex-parlamentar teria sido inclusive sócio do doleiro em uma das empresas usadas para lavar dinheiro da Petrobras. Repasses de dinheiro para o deputado teriam sido feitos entre 2011 e 2014 (quando a Lava-Jato já estava em curso). A maior parte, entregue em espécie por Rafael Ângulo Lopez, empregado de Youssef, no apartamento funcional em Brasília usado por Argôlo quando era deputado.
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Foram encontrados registros de 78 visitas de Argôlo aos escritórios de Youssef em São Paulo. Pelo monitoramento das passagens aéreas, a Justiça concluiu que em 40 oportunidades essas viagens aconteceram com recursos da Câmara Federal. O valor gasto nessas passagens foi de R$ 55.192,43, apenas para encontros dos dois.
Youssef teria inclusive quitado o pagamento de um helicóptero usado por Argôlo, a um custo de R$ 520 mil. O doleiro, em interrogatório, confirmou ao juiz Moro que pagava Argôlo como parte de propinas destinadas ao PP, referentes a obras bancadas pela Petrobras. 156. Declarou ainda que João Luiz Argôlo tinha conhecimento do esquema criminoso na Petrobras. Veja trecho do interrogatório:
Juiz: "O deputado Argôlo tinha conhecimento desse esquema criminoso da Petrobras?"
Alberto Youssef: "A meu ver tinha."
Juiz: "Por que o senhor diz isso?"
Youssef: "Porque esse comentário dentro do partido era unânime."
Juiz: "O senhor declarou no seu depoimento na investigação, que o depoente, no caso o senhor, 'Começou a fazer pagamentos para Luiz Argôlo desde quando o conheceu no ano de 2011, em razão dele pertencer ao PP e ser parceiro de Mário Negromonte, que Luiz Argôlo presenciou algumas oportunidades em que o depoente entregou dinheiro pra Mário Negromonte'."
Youssef: "Confirmo."
Juiz: "Esse dinheiro que o senhor entregou para o Mário Negromonte vinha desse esquema criminoso da Petrobras?"
Youssef: "Sim, senhor."
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Na mesma sentença, o juiz Moro absolveu o doleiro Rafael Ângulo Lopes e deixou de condenar - porque colaboraram com a Justiça - o também doleiro Alberto Youssef e o lobista Carlos Alberto Pereira da Costa, envolvidos no esquema.
A Lava-Jato já condenou, além de Argôlo, os ex-deputados Pedro Correa (ex-PP) e André Vargas (ex-PT).