Geral

Operação Gol Contra

MP diz que Jardel pedia drogas usando termos como "picanha" e "cerveja"

Ação do Ministério Público, nesta segunda-feira, devassa trabalho de deputado que, segundo investigações, teria desviado verbas da Assembleia Legislativa

Reprodução / Agência RBS
MP flagra suspeito de entregar drogas para Jardel

Uma das suspeitas investigadas na Operação Gol Contra é de financiamento ao tráfico de drogas com dinheiro público.

O Ministério Público apurou que o marido de uma funcionária-fantasma fornecia drogas ao deputado Mário Jardel (PSD). Há diálogos revelando a encomenda de drogas por parte do parlamentar e filmagens do suspeito indo ao prédio de Jardel fazer entregas, conforme combinações captadas em telefonemas. O MP suspeita de que o salário da fantasma servisse para quitar o pagamento pelas drogas.

O MP destacou na investigação: "O que chama a atenção, no contexto, não é o eventual uso de droga pelo parlamentar, mas a evidente possibilidade, diante do que foi apurado, de que ele esteja financiando o tráfico de drogas com o desvio de verbas públicas de seu gabinete".

A funcionária-fantasma identificada na investigação tem salário de R$ 3,8 mil. Para o MP, o fato de justamente ela ter sido contratada, já que é mulher do homem que fornece drogas a Jardel, indica que o intuito possa ser de o salário reverter para o marido dela, financiando o fornecimento de drogas.

Em 1º de novembro, o MP flagrou uma ligação em que Jardel diz ao suspeito: "Tem como tu ligar pro teu amigo lá para pegar um...um cigarro pra mim?" Segundo o MP, os pedidos eram feitos em código. Há diálogos em que Jardel fala em "picanha". Em 7 de novembro, Jardel ligou para o suspeito para informar que estava descendo para a sauna e que gostaria de "uma carteira de cigarros e duas cervejas, entendeu?".

Suspeito nega ser fornecedor de Jardel
Leia todas as notícias sobre o caso

Poucas horas depois, já no dia seguinte, o deputado faz nova solicitação. O MP avaliou que o pedido foi mais explícito, deixando clara a ilicitude do que estava sendo encomendado. Jardel pediu que a entrega fosse feita "num cantinho da garagem" e que o interlocutor evitasse de o porteiro interfonar para seu apartamento. O que foi registrado na investigação: "Além de novamente solicitar as duas cervejas e um cigarro de praxe, fez uma importante observação, não deixando qualquer dúvida quanto a ilicitude dos produtos fornecidos:

- Não tem como tu chegar no cantinho da garagem lá embaixo, é furado ali - teria dito o deputado.

A entrega do produto foi feita no local indicado por Jardel e gravada pelo MP.

Por unanimidade, Assembleia Legislativa cassa mandato de Diógenes Basegio
Um retrato da falta de controle da Assembleia
Leia mais notícias de Zero Hora

GZH faz parte do The Trust Project
Saiba Mais
RBS BRAND STUDIO

Domingo Esporte Show

09:30 - 12:00