
Diferentemente dos outros atos, realizados no Parcão, a manifestação pró-impeachment em Porto Alegre teve o Parque da Redenção como palco na tarde deste domingo. Com carro de som parado ao lado do Monumento ao Expedicionário, os organizadores cantaram músicas contra o PT, discursaram e deram o microfone a três políticos, que falaram a favor da saída de Dilma Rousseff da Presidência da República.
Com uma bandeira do Rio Grande do Sul amarrada sobre as costas, um dos organizações disse ao microfone logo no início do evento, às 15h:
- Neste domingo, a Redenção não é do PT, mas do "cidadão de bem". Não vemos aqui bandeiras vermelhas.
Segundo a organização do evento, o protesto reuniu 5 mil pessoas, mas a Brigada Militar estimou a presença de 1 mil participantes.
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Embaixo do palco, a autônoma Sônia Culau, 60 anos, passava entre os manifestantes distribuindo cartazes impressos em uma gráfica, com os dizeres "Sr. político, meu voto é o seu voto. Eu voto impeachment". Disse que participou de todas as manifestações contra o segundo governo Dilma em Porto Alegre e se inscreveu para trabalhar como voluntária no próximo ato, marcado para o dia 13 de março.
- Ou derrubamos o PT, ou ele nos derruba. Não gostava de política, mas não podemos ficar acomodados, calados. Quem se omite é covarde, temos que sair às ruas.
Bandeiras do Brasil, cartazes de "fora PT" e "fora Dilma" e adesivos de "impeachment" eram os mais comuns entre os manifestantes. Em diversas mãos também estavam pequenos "pixulecos", bonecos infláveis que representam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vestido como presidiário.
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Havia ainda quem erguesse bonecos representando Dilma, vestida com uma faixa "mãe do Petrolão". O microempresário Daniel Oliveira, 39 anos, era um deles. Disse que comprou o boneco ali mesmo, "de uma mulher que estava vendendo". Outros compraram pela internet.
- Nunca na história houve tanta corrupção como agora. Essa já é nossa terceira manifestação - comentou ele, que compareceu ao protesto ao lado da mulher e da filha, de 11 anos.
No meio do protesto, eles estenderam uma grande bandeira verde e amarela pedindo o "impeachment" - o processo foi instaurado pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), no dia 2 de dezembro.
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Protesto comemorativo e de preparação
Para os organizadores, o protesto foi um misto de comemoração pelo acolhimento e preparação para o próximo ato, que, segundo eles, será ainda maior.
- É um protesto comemorativo pelo acolhimento do impeachment, uma bandeira do Movimento Brasil Livre. O ano não poderia acabar melhor. Também queremos aglutinar as pessoas para o grande protesto, no dia 13 março - afirma Felipe Pedri, um dos coordenadores do Movimento Brasil Livre no Rio Grande do Sul, que organizou o protesto.
Ao lado do carro de som, o grupo montou uma tenda, onde coletavam assinaturas para um documento contra a corrupção e voluntários para ajudar na próxima manifestação.
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Deputados tomam o microfone contra o PT
Dois deputados federais e um estadual subiram ao palco para discursar a favor da saída da presidente. O primeiro foi o deputado federal Darcísio Perondi (PMDB-RS), que afirmou não apenas votar a favor do impeachment, nas se articular para isso:
- Não apenas o meu voto, vocês têm também o meu empenho e minha articulação, minha capacidade de aumentar o número de colegas para apoiar.
Nelson Marchezan Júnior, deputado federal pelo PSDB gaúcho, foi o segundo a discursar. Além de apoiar o impeachment, elogiou a ação do juiz Sérgio Moro na condução da Lava-Jato.
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Já o deputado estadual pelo PP, Marcel van Hattem, afirmou que o impeachment não é golpe:
- Não queremos viver em outro país, queremos viver em outro Brasil. Fora PT - afirmou.
Apesar dos discursos dos políticos, Pedri afirma que o Movimento Brasil Livre continua sendo apartidário e que os parlamentares só foram chamados ao palco porque foram vistos entre os manifestantes. Foram convidados a tomar a palavra porque "apoiam o impeachment", segundo ele.
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