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Os exames toxicológico e de causa da morte do estudante de medicina Fernando Zucuni Furlan, 22 anos, ocorrida durante uma festa de final de ano do curso, em Porto Alegre, deverão levar cerca de um mês para ficar prontos. Algumas informações iniciais, porém, norteiam o trabalho da Polícia Civil. Furlan foi localizado no fundo de uma piscina com um corte na cabeça, talvez provocado por uma queda antes de cair na água, e análises preliminares sugerem que ele teria morrido afogado.
A morte de Furlan fechou de forma trágica um dia que até então era de comemorações para estudantes do 3º ano de Medicina da Pontifícia Universidade Católica (PUCRS). À medida que terminavam a última prova do semestre, se dirigiam à casa de um colega, filho de um professor da mesma faculdade - mas que não lecionava para essa turma - a fim de celebrar o fim de ano. Os primeiros participantes começaram a chegar por volta das 16h ao local do encontro, na Rua Coroados, Vila Assunção, onde há uma sala de festas e, em uma área mais afastada, uma piscina.
Furlan, natural de São Vicente do Sul, na região central do Estado, era uma das estrelas do curso. Popular e respeitado pelos demais estudantes, havia sido eleito presidente do Diretório Acadêmico Garcia do Prado em setembro. Como um dos líderes da turma, foi um dos organizadores da festa em que acabou morto. Segundo a titular da 6ª Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa, delegada Elisa Souza, havia consumo de bebidas alcoólicas como cerveja e vodca no local. Não foram encontrados indícios de drogas, embora só o exame toxicológico vá confirmar se a vítima ingeriu ou não alguma outra substância.
- Testemunhas disseram que o Fernando estava bebendo, mas ninguém observou nada fora do normal - conta a delegada.
Um dos melhores amigos da vítima, um estudante de 25 anos, contou à Polícia Civil que o jovem estava bastante animado durante a confraternização.
- Ele estava muito bem, dançando e se divertindo - testemunhou esse aluno, cujo nome é preservado a pedido da polícia.
A delegada afirma que alguns estudantes entraram e saíram da piscina ao longo do dia, mas, à noite, a reunião dos estudantes se concentrava na área do salão de festas. Por volta das 22h30min, alguns colegas deram falta de Furlan. Começaram a procurá-lo nas proximidades do salão e, como não o localizaram, ampliaram as buscas para outros pontos.
Por volta das 23h, outra depoente da polícia, uma jovem de 22 anos, ouviu gritos de socorro vindos da área da piscina, em uma região do terreno com pouca iluminação. O grupo que buscava o rapaz havia identificado seu corpo embaixo d'água. Ao mesmo tempo em que alguns alunos faziam massagem cardíaca e respiração boca a boca, outros ligavam para o Samu. Os paramédicos também não conseguiram reanimá-lo. O horário de confirmação da morte foi registrado às 23h40min.
- Vamos continuar ouvindo testemunhas a partir desta quinta-feira, mas, até agora, ninguém viu ou ouviu nada. A hipótese com a qual trabalhamos, por enquanto, é de um acidente - conta Elisa.
Exames iniciais identificaram um corte na cabeça, que pode estar relacionado a um eventual choque antes da queda na água. Chovia no momento, e o entorno da piscina estaria escorregadio. Uma análise preliminar também sugere que a vítima ainda estava viva quando caiu na piscina, e que a morte teria ocorrido por afogamento.
- Há 80% de certeza de que a morte foi por afogamento. Mas também foi pedido um exame específico para confirmar isso - sustenta a delegada.
A PUCRS divulgou uma nota em que "expressa solidariedade com a família, amigos, professores e colegas do aluno" e informa que "acompanhará com atenção os desdobramentos da investigação".