Quando ouço falar em lotação, fico assustado. Estou traumatizado. Desde que dois bandidos entraram no veículo em que eu estava e colocaram uma pistola na minha cabeça, nunca mais consegui andar de lotação. Hoje, quando vejo um desses veículos passando pela rua, eu fico olhando lá para dentro, para ver o que está acontecendo através das janelas. Tento ver se alguém está passando pela mesma situação que passei.
Em julho, eu estava vindo da zona sul de Porto Alegre, da Tristeza até o Shopping Praia de Belas. Na altura do Barra Shopping, os bandidos entraram. Anunciaram o assalto na Rua José de Alencar. Colocaram uma pistola na minha cabeça, renderam o motorista e assaltaram todo mundo. Da José de Alencar até a Bastian, pela Avenida Praia de Belas, foram cinco minutos de pânico. Com uma pistola apontada para a minha testa, exigiram que eu entregasse "a arma", talvez me confundido com um policial. Eu não tinha arma. Mesmo assim, ficaram com a pistola apontada para a minha cabeça.
Não há policiais nas ruas. Assaltar um lotação é muito fácil, porque só tem uma entrada e uma saída, todas as pessoas ficam sentadas e, para sair, tu tens de ir lá para a frente. Normalmente, os criminosos agem em dupla: um rende o motorista, o outro assalta a todos. Não ando mais de lotação ou ônibus. E era um meio de transporte que eu usava bastante. Traumatizou. Lotação é como uma gaiola. Se entra um assaltante, tu estás preso.