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Aos gritos de "Fora Cunha" de um grupo de manifestantes, a sessão do Conselho de Ética que analisava o parecer preliminar que pede a admissibilidade do processo por quebra de decoro parlamentar contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), foi encerrada devido ao início da ordem do dia. Essa é a quarta sessão do colegiado destinada a apreciar o relatório do deputado Fausto Pinato (PRB-SP) que termina sem votação.
Em um claro sinal de que não teria votos suficientes para barrar o processo contra o peemedebista, aliados de Cunha fizeram uma série de questões de ordem e outros questionamentos para ganhar tempo e adiar a votação. Foi apresentado requerimento para adiar por cinco dias a votação, mas o pedido foi rejeitado pelo plenário. O presidente do colegiado, José Carlos Araújo (PSD-BA), anunciou que a apreciação do parecer será retomada na quarta-feira a partir das 13h30min.
Araújo nega ter favorecido Cunha ao adiar votação
José Carlos Araújo negou que tenha colaborado para que os aliados de Cunha tenham conseguido protelar a análise do parecer prévio que pede a continuidade do processo por quebra de decoro parlamentar. Ele disse que preferiu adiar a votação por não saber a que horas o plenário da Casa vai concluir seus trabalhos nesta noite.
Araújo disse que sua preocupação é seguir o regimento e não abrir margem para questionamentos futuros solicitando a anulação de sessões ou de deliberações.
- Ninguém vai poder se queixar que não falou ou que atropelei o regimento. Amanhã (quarta-feira) entro direto na votação - declarou.
O advogado de Cunha, Marcelo Nobre, deixou a sessão dizendo que não há pressa no julgamento do presidente da Câmara. Ele explicou que entrou segunda-feira com um mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo a substituição do relator Fausto Pinato (PRB-SP) porque só naquele dia recebeu a resposta de Araújo informando que não acolheria o pedido de troca de relator.
Segundo Nobre, a medida não visa a protelar o andamento do processo no colegiado.
- Por que esse açodamento para se julgar alguém? Qual o problema de aguardar uma semana, duas ou três? - questionou.
*Estadão Conteúdo