
Após a divulgação dos dados do desemprego do IBGE, que atingiu 9% no trimestre até outubro de 2015, Dilma classificou o tema como a grande preocupação do governo.
– Todo o esforço do governo (...) é para impedir que, no Brasil, nós tenhamos um nível de desemprego elevado – explicou.
Durante sua fala, em café da manhã com jornalistas estrangeiros e de veículos online, realizado no Palácio do Planalto, a presidente disse ainda que reequilibrar o Brasil num quadro em que há queda de atividade implica, necessariamente, em ampliar impostos. Numa referência à volta da CPMF, Dilma ressaltou que a aprovação do imposto pelo Congresso "é fundamental para o país sair mais rápido da crise".
Para Dilma, as três prioridades do governo no Congresso são CPMF, Desvinculação das Receitas da União (DRU) e Juros sobre Capital Próprio (JCP).
A presidente avaliou que esses três projetos "são essenciais e para perseguir o primário e, ao mesmo tempo, reequilibrar fiscalmente".
Dilma defendeu a CPMF como um imposto que se dissolve e se espalha por todos e de "baixa intensidade", além de ter um pequeno impacto inflacionário e permitir controle de evasão fiscal.
– Se você considerar os demais impactos, (os da CPMF são) pequenos em consideração aos demais que, por ventura ocorreriam se você tentasse outras formas – disse.
Previdência e CPMF
Para a presidente, a situação da Previdência também é um assunto procupante. Ela destacou que a reforma deve ser estudada de forma técnica e política.
Além disso, Dilma também respondeu a questionamentos sobre o processo de impeachment.
– Acho que a questão mais importante para o país é a Previdência. Isso não quer dizer que tentativas golpistas não sejam importantes – afirmou.
– O impeachment tem repercussão política, o que significa (pôr em xeque) a estabilidade democrática do país – completou.
Segundo a presidente, há duas alternativas para lidar com o déficit da Previdência: o aumento da idade mínima para aposentadoria e a continuidade da fórmula 85/95 – soma do tempo de contribuição e idade até atingir 85 anos, para as mulheres, e 95, para os homens. Na prática, a fórmula 85/95 permite que os trabalhadores se aposentem mais cedo do que pelo cálculo do fator previdenciário.
Sistema tributário
Dilma afirmou que espera rever o sistema tributário do país até o fim do mandato. Sem usar o termo "reforma", a presidente disse que o foco inicial do governo vai ser colocar em prática mudanças no PIS/Cofins e concluir a reforma do ICMS, para "criar um ambiente favorável de investimento no Brasil".
A presidente também reconheceu que é preciso rever a atual estrutura do sistema brasileiro, para torná-lo mais justo. Hoje, a maioria dos impostos incide sobre bens de consumo, o que acaba punindo os mais pobres. Disse, porém, que é preciso "equacionar" essa discussão, porque não é possível, de uma vez só, transformar um sistema regressivo como o atual em um progressivo.
– Acredito que o Brasil precisa encarar essa questão dos impostos serem regressivos e não progressivos. Essa é uma das questões que, antes do fim do meu mandato, eu quero enfrentar – afirmou.
Programas sociais
A presidente Dilma voltou a afirmar que mesmo diante da crise econômica, o governo não abriu mão de continuar investindo nos programas sociais.
– Nós tentamos, de todas as formas, manter os programas sociais. A palavra de ordem é reformar os projetos para preservá-los. Tem quem reforme para acabar com as coisas, nós, não – disse.
Segundo Dilma, o governo trabalhou para não abandonar tudo o que estava fazendo e garantir que o país não fosse voltar atrás "nem na inclusão social nem nos investimentos". Ela, no entanto, reconheceu que, no último ano, a realidade orçamentária do país fez com que o governo tivesse que cortar gastos e redefinir prioridades.
A presidente disse ainda que o governo está revendo todos os investimentos e que o objetivo é colocar em dia as obras que estão em andamento e começar novas somente quando houver dinheiro em caixa.
Segundo ela, um exemplo disso é que o governo pretende não só concluir a interligação do Rio São Francisco até o final do ano, como colocar em prática um plano de revitalização da região por onde passa o rio.
PMDB
A presidente afirmou, também, que tem toda consideração pelo vice-presidente Michel Temer e garantiu que o governo não vai interferir no processo de escolha do líder do PMDB na Câmara dos Deputados.
– Não interferimos sob nenhuma circunstância nas questões internas, e não é só do PMDB, com o PT é a mesma coisa – disse. – Não cabe ao governo interferir em questões internas de partido algum, não é certo isso, nem tampouco democrático.
Segundo a presidente, nenhum governo pode querer "guerras" entre partidos nem dentro das siglas e é fundamental que as agremiações estejam harmônicas e unidas para que se chegue à estabilidade das relações.
– O governo sempre precisa de mais estabilidade que instabilidade – afirmou.
Dilma disse que a relação com o vice-presidente está harmoniosa e que ela, especificamente, tem "toda consideração" com ele.
– Para nós é muito importante uma relação de absoluto respeito, proximidade, fraterna com o presidente Temer – afirmou, ressaltando "que tem conversado com ele".
Nesta semana, Temer, que trabalha para garantir sua continuidade como presidente do PMDB, apoiou a ação do Planalto de sondar o deputado Mauro Lopes (PMDB-MG) para assumir a Secretaria de Aviação Civil.
– Ele é o meu companheiro, é secretário do partido há muitíssimos anos. ê um ótimo quadro – disse o vice.
*Com informações do Estadão Conteúdo