
Crescimento global que corre o risco de descarrilar, economia chinesa preocupante, contexto geopolítico marcado por ataques quase diários e crise migratória dominaram o primeiro dia de trabalhos do Fórum Econômico Mundial de Davos.
A segurança foi reforçada neste ano no pequeno vilarejo da cidade suíça onde se reúnem 2,5 mil chefes de governo e empresários, entre eles o vice-presidente americano, Joe Biden, e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.
O tema oficial dessa reunião é a "quarta revolução industrial", que poderia transformar a economia global, mas, "como muitas vezes em Davos, o assunto é permeado por eventos mundiais e o que prende a atenção de todos é o que está acontecendo na China, onde o crescimento está desacelerando", afirma o economista-chefe da empresa britânica IHS, Nariman Behravesh.
- Todos sabemos o que acontece no Davos público, o que é diferente do Davos privado. É no Davos privado que (os líderes) vão falar - explicou Behravesh.
Foi no local, no passado, que se decidiram grandes rodadas de negociação comercial e onde, muitas vezes, deu-se uma nova oportunidade para a paz em regiões de tensão do planeta.
- Há 46 anos (quando começaram os encontros de Davos), não me lembro de ter tido de enfrentar tantos problemas ao mesmo tempo - declarou o presidente-executivo e fundador do Fórum, o suíço Klaus Schwab.
Na terça-feira, Pequim publicou os números de seu crescimento em 2015, o menor em 25 anos (6,9%). Além disso, o Brasil continuará em recessão em 2016, segundo as últimas perspectivas do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Como alertou o Fundo na terça-feira, a desaceleração chinesa e dos países emergentes em geral pesa sobre o aumento do PIB global, e é o conjunto da economia mundial que corre o risco de "descarrilar".
Essa situação também afeta os mercados financeiros, que experimentam um período de alta volatilidade, assim como os preços do petróleo e das matérias-primas.
- É preciso desendividar o sistema financeiro. Atualmente, ainda há entre US$ 40 e 80 trilhões (de dólares) em produtos derivados, similares aos que levaram o mundo à beira da quebra em 2008 - advertiu em um dos debates desta quarta-feira o investidor americano Paul Singer, da Elliott Management.
Crise migratória
O Fórum, que organiza dezenas de debates por dia, analisará com alguns dos melhores especialistas mundiais como lutar contra o extremismo e como oferecer uma solução à grave crise migratória vivida pela Europa.
Nesta quarta-feira, pelo menos 21 pessoas morreram em um ataque dos talibãs contra uma universidade no Paquistão. A ameaça extremista se mistura com a onda de migrantes que chega à Europa diariamente.
- Fico muito preocupado com o que está acontecendo na África e seu impacto nos fluxos (de imigrantes) em direção ao norte, à Europa - declarou em um debate o ex-comandante da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) na Europa, o general James Stavridis.
"A onda de refugiados constitui um grave problema para a capacidade de absorção dos mercados de trabalho da União Europeia e põe os sistemas políticos à prova", alertou o FMI na véspera.
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