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Operação Lava-Jato

Lobista diz que construtora gaúcha teria procurado senador para intermediar negócios na Petrobras

Fernando Baiano cita a empreiteira Brasília Guaíba, que nega relação com parlamentar do PMDB

Guilherme Mazui / RBS Brasília

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Divulgação / Polícia Federal
Baiano teria sido contratado como "intermediário comercial", diz empresa do RS

Depoimento da delação premiada do lobista Fernando Soares, o Baiano, expõe conexões políticas em torno de negócios com a Petrobras. Ele relatou que a empreiteira gaúcha Brasília Guaíba teria procurado o senador Valdir Raupp (PMDB-RO) para intermediar contrato com a estatal. Em troca, o parlamentar teria exigido doações de campanha. A construtora nega relação com o parlamentar, mas confirma que contratou Baiano como "intermediário comercial" em busca de contratos na estatal.

O lobista é apontado como braço do PMDB no esquema de corrupção desbaratado pela Operação Lava-Jato. O depoimento em que a empresa gaúcha é citada foi prestado em 14 de setembro de 2015.

Segundo Baiano, em 2009, o senador lhe apresentou o projeto da Brasília Guaíba. Raupp já teria levado a proposta até Paulo Roberto Costa, então diretor de abastecimento da Petrobras. Em parceria com uma empresa alemã, a construtora oferecia à estatal uma tecnologia para reaproveitar gás de refinarias na geração de energia. Interessado, o lobista se reuniu no Rio de Janeiro com André Loiferman, executivo da empreiteira. Na Petrobras, Baiano reforçou as negociações com Paulo Roberto. Já em 2010, conforme o delator, Loiferman teria revelado que era pressionado a doar para a campanha de reeleição de Raupp.

A Brasília Guaíba não fechou contratos com a Petrobras e não realizou repasses. O parlamentar teria perguntado ao lobista sobre o desfecho do negócio e reforçado o pedido de dinheiro. Baiano diz que a doação teria sido viabilizada pela Queiroz Galvão.

Loiferman, diretor-presidente da Brasília Guaíba, confirma que contratou Baiano como intermediário para apresentar o projeto de reaproveitamento de gás para empresas de petróleo na América Latina. À época, ele não desconfiava do envolvimento do lobista no cartel e assegura que não realizou pagamento de comissões a políticos.

- A indicação dele veio do mercado, não de partidos. Ele foi apresentado como uma pessoa que atuava para várias empresas na área de óleo e gás - diz.

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Na negociação, Loiferman ofereceu comissão sobre os contratos fechados, mas Baiano sugeriu participação como sócio, o que não se confirmou. A Brasília Guaíba chegou a apresentar o projeto na Petrobras, mas sem sucesso.

O executivo se diz "surpreso" com a citação da construtora, pois lembra que o último contrato com a Petrobras tratou do gasoduto Brasil-Bolívia, "há 15 anos". Sobre Raupp, negou conhecer ou ter sido pressionado para colaborar:

- Nossa empresa nunca teve nenhum relacionamento nem foi demandada pelo senador.

Raupp refuta todas as acusações de Baiano e também nega ter intermediado contratos para Brasília Guaíba na Petrobras:

- Não conheço ninguém dessa empresa nem eles fizeram contato comigo. É confusão mental do delator. Afirmo com 100% de segurança que lá no final vai ser provado que não houve contato.

*Colaboraram Renata Colombo e Rodrigo Saccone

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