
Um relatório da Receita Federal aponta indícios de aumento patrimonial incompatível com os rendimentos da família do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). De acordo com reportagem da Folha de S. Paulo, o aumento injustificado de Cunha, sua mulher, Cláudia Cruz, e sua filha Danielle Dytz da Cunha totalizam R$ 1,8 milhão entre 2011 e 2014.
O levantamento usa o termo técnico "indício de variação patrimonial a descoberto", que é um crescimento incompatível com a renda. Não há, porém, detalhes sobre o que provocou esse acréscimo.
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A apuração da Receita está sendo feita a pedido da Procuradoria-Geral da República na Operação Lava-Jato, já que Cunha e seus familiares são investigados no Supremo Tribunal Federal (STF) sob suspeita de terem contas secretas no Exterior abastecidas com recursos desviados da Petrobras.
A variação patrimonial teria relação com gastos de cartão de crédito. O documento não diz, entretanto, se os cartões são abastecidos com alguma das quatro contas no exterior ligadas a Cunha e seus familiares, que tinham cerca de R$ 9,6 milhões.
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A Receita à PGR, também, as declarações de Imposto de Renda de Cunha e parentes. Em relação à filha Danielle, o órgão detectou aumento de sete vezes no patrimônio, em valores nominais. De R$ 208 mil em 2010, a publicitária passou a ter R$ 1,5 milhão em 2014, segundo dados de sua declaração de IR.
Além dos dados de Cunha, a Receita ainda analisa informações fiscais de empresas da família, como a C3 Produções artísticas e a Jesus.com.
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Cunha já foi denunciado ao STF sob acusação de receber US$ 5 milhões em propina de contratos de navios-sonda da Petrobras. O deputado é alvo de um pedido da PGR de afastamento do comando da Câmara. Ele também responde a um processo de cassação na Câmara.
O QUE DIZ CUNHA
Cunha afirmou à Folha, por meio de sua assessoria, que não possui patrimônio "a descoberto" e que desconhece o relatório da Receita Federal. Ainda de acordo com a assessoria, Cunha disse que, se houver, o relatório deveria estar sob sigilo.