A Apple pediu nesta quinta-feira a um tribunal federal dos Estados Unidos que desconsidere a ordem judicial que exige que a empresa colabore com o FBI no desbloqueio de um iPhone.
Uma petição apresentada em um tribunal da Califórnia no caso que envolve um dos agressores do ataque de San Bernardino afirma que a ordem judicial extrapola a faculdade legal do governo e viola os direitos constitucionais de liberdade de expressão da Apple. O diretor da Polícia Federal dos Estados Unidos (FBI), James Comey, disse nesta quinta-feira que o pedido desse organismo à justiça para que se ordene à empresa Apple o desbloqueio de um iPhone para a investigação do atentado em San Bernardino não pretende criar precedente.
"A luta da Apple sobre esse iPhone não está destinada a enviar uma mensagem ou a criar um tipo de precedente", declarou Comey na quinta-feira diante de uma comissão do Congresso.
O FBI busca simplesmente exercer sua competência em uma investigação em curso, destacou.
O CEO da Apple, Tim Cook, disse na quarta-feira que uma decisão judicial que obrigue a empresa a desbloquear o iPhone de um dos autores do ataque com 14 mortes em San Bernardino, na Califórnia, seria uma "má notícia" para os Estados Unidos.
Para responder à demanda do FBI, a Apple deve criar um programa "equivalente a um câncer", que abriria uma "porta oculta" para acessar os conteúdos do iPhone, que poderiam ser vistos não só por autoridades legítimas, mas também por criminosos e ditadores, afirmou.
Nessa quinta-feira, Comey admitiu que a encriptação inviolável é "o tema mais difícil em matéria de governo" que já conheceu.
Nesse debate, o papel do FBI consiste em que o público compreenda quais são os custos associados a um mundo em que a encriptação inviolável está se generalizando, ressaltou.
Cook disse que quer discutir esse tema com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e se disse disposto a que o caso chegue à Suprema Corte de Justiça do país.
A Apple recebeu o apoio de vários dirigentes do setor tecnológico, como o CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, e o da Google, Sundar Pichai.
Já o diretor da CIA, John Brennan, considerou na quarta-feira que o pedido do FBI é "claramente legítimo". "Não deveria existir um lugar em que os terroristas, os criminosos ou qualquer pessoas que busque violar a lei gozem de uma impunidade total", disse à rádio estatal NPR.
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