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O papa João Paulo II manteve durante mais de 30 anos uma amizade intensa com uma filósofa casada, Anna Teresa Tymieniecka, sem que existam provas de que rompeu o voto de castidade, segundo cartas reveladas pela televisão britânica BBC.
- (As correspondências) são a janela mais extraordinária sobre a vida privada de uma das pessoas mais famosas da História - afirma o jornalista Edward Stourton, que descobriu o material, no programa Panorama da BBC.
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Mais de 350 cartas escritas por João Paulo II à Anna Teresa Tymieniecka foram encontradas na biblioteca polonesa à qual a filosofa as legou em 2008.
"Querida Teresa, recebi as três cartas. Escreve que está sendo dilacerada, mas não pude encontrar nenhuma resposta às suas palavras", escreve o futuro João Paulo II em uma carta datada em 1976, na qual a descreve como "um presente do céu".
- Eram mais que amigos, mas menos que amantes - afirma Stourton, que insiste que não encontrou nas cartas nenhuma prova de que João Paulo II tenha rompido o voto de castidade.
A correspondência mostra "um combate para conter o que era certamente uma relação muito intensa", acrescenta o jornalista.
A primeira carta está datada em 1973, ano do encontro entre Anna Teresa Tymieniecka, americana de origem polonesa, e Karol Wojtyla, futuro João Paulo II.
Já a última correspondência foi escrita meses antes da morte do pontífice, ocorrida em 2 de abril de 2005.
"É possível", diz sacerdote polonês
Segundo Adam Boniecki, um sacerdote polonês que conheceu bem o Papa conterrâneo, é possível que Anna estivesse apaixonada por Karol Wojtyla antes de ele se tornar João Paulo II.
- Algumas mulheres acabam se apaixonando pelos sacerdotes. Isso sempre cria um problema - declarou o padre Boniecki.
Durante anos, o sacerdote dirigiu, em Roma, a edição polonesa do jornal vaticano Osservatore Romano, antes de virar redator-chefe da revista católica polonesa Tygodnik Powszechny
- Tymieniecka traduziu para o inglês um dos livros de Karol Wojtyla e o tornou conhecido nos meios universitários americanos. Mas essa tradução gerou tensões entre eles - recorda.
- Se estava apaixonada pelo cardeal Wojtyla, não era a única - completa Boniecki, autor de Kalendarium, uma crônica diária que detalha a vida de João Paulo II.
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