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Presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e filiado ao PMDB, partido do vice-presidente Michel Temer, o empresário Paulo Skaf comenta os efeitos da 24ª fase da Operação Lava-Jato para a economia brasileira. No início da manhã desta sexta-feira, a Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão e condução coercitiva no prédio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de seu filho, Fábio Luiz da Silva, e no Instituto Lula.
Skaf avalia que, independente do envolvimento ou não de Lula, apresidente deveria renunciar ao mandato – único caminho, segundo o empresário, para o país sair da recessão –, e afirma: "Essa crise tem um nome e não é Lula, é presidente Dilma Rousseff".
Qual o impacto dessa nova fase da Operação Lava-Jato para economia?
A situação, independente dos acontecimentos de hoje (sexta-feira), mostra que temos uma gravíssima crise política. Nesse cenário de recessão, alta inflação, desemprego e falta de confiança no governo, a providência mais rápida e eficiente seria a renúncia da presidente Dilma. Seria o mais eficaz para renascer a esperança para que o Brasil possa voltar a crescer. Independente da Operação Lava-Jato e das ações da Polícia Federal, da Justiça. Independente das apurações nos próximos meses, o que não podemos é ficar nessa situação de crise econômica alimentada pelo conflito politico de um governo que já não tem a confiança de ninguém.
Mas a mira dessa nova fase da Operação Lava-Jato é o ex-presidente Lula e não a presidente Dilma. Isso não faz diferença?
O que precisamos é retomar o crescimento, e isso não é possível sem equilíbrio na parte política. E essa crise tem um nome e não é Lula, é presidente Dilma Rousseff. As pessoas perderam a confiança na presidente.
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Nas últimas semanas houve uma tentativa de afastamento da figura de Lula da figura de Dilma. Isso é possível ou o atrelamento dos dois é tão forte que qualquer eventual acusação atinge também a presidente?
Independente dos fatos de hoje, pelo conjunto da obra, a presidente Dilma não tem condições de continuar no cargo. Não me preocupa tanto o episódio de hoje, mas a dificuldade que temos tido em encontrar uma solução de longo prazo, a volta do equilíbrio.
Se a presidente permanecer no cargo a recessão pode piorar?
Piora. Piora o desemprego e a recessão. Há dinheiro no mundo, o que falta é confiança no governo do Brasil. Quando um presidente da República já não tem mais credibilidade, o controle da situação,e fica a qualquer custo pendurado no poder, prejudica muito o país.
Haveria uma outra maneira do governo recuperar a confiança dos investidores sem uma troca de governo?
Não acredito que haja.
O ministro Miguel Rossetto emitiu nota afirmando que a condução do ex-presidente Lula, da maneira como foi realizada, foi uma violência. O senhor concorda?
Cabe à Justiça e ao Ministério Público deferir esta questão. Não tenho conhecimento e informação suficiente para avaliar. Cabe a eles decidir.