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De forma silenciosa, pelo menos 400 pessoas, segundo a Brigada Militar, participaram da Caminhada Iluminada na noite desta sexta-feira, em Porto Alegre. Concentrados no Parque da Redenção desde as 19h, os manifestantes saíram pouco após as 20h e seguiram até a Praça da Matriz com velas e lanternas, em um pedido por mais segurança na Capital. Crianças, adultos e idosos participam do ato.
O grande objetivo do protesto é chamar a atenção das autoridades e da própria população para que as ruas sejam tomadas pelos cidadãos e que a criminalidade seja combatida de forma efetiva. A Brigada Militar acompanhou o trajeto.
– Nós estamos promovendo a paz, então o ato será silencioso. As luzes de velas e lanternas também simbolizam isso, além de lembrar as vidas que foram perdidas neste e no ano passado para a violência – explica um dos organizadores do evento, Pedro Loss.
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A caminhada passou pelas ruas Santana, Venâncio Aires, Lima e Silva, Borges de Medeiros e Jerônimo Coelho. Ao final do ato, ocorreu o acendimento de algumas velas em frente ao Palácio Piratini, uma forma simbólica de lembrar as pessoas que foram assassinadas nos últimos anos.
Vítima da violência em duas oportunidades, quando teve carros roubados e chegou a ser agredido, o empresário Lauro Borges, 62 anos, participou do ato.
– A situação da violência hoje é deprimente. A população se sente indefesa, ficamos sempre à mercê da bandidagem – comenta.
No dia em que se completam dois meses do assassinato da irmã, o contador aposentado Antônio Grandini Dias, 64 anos, reuniu amigos e familiares para participarem da Caminhada Iluminada. Isabel Dias foi morta aos 47 anos em uma tentativa de assalto na Capital, no mês de janeiro.
– Nós queremos mais segurança. Somos reféns dos bandidos. Minha irmã foi assassinada com um tiro na cabeça quando dois bandidos tentavam roubar o carro dela. Algo precisa ser feito com urgência.
A ideia
A organização do ato é da Serenata Iluminada, que desde 2012 propaga a ocupação de espaços públicos para fins culturais. Para a noite desta sexta-feira estava programada mais uma edição do evento, mas em função dos recentes e altos índices de violência, a organização optou por fazer uma caminhada e ocupar também as ruas da cidade.
– Nós acreditamos que a sociedade civil e o poder público podem atuar em conjunto pela construção de uma política cidadã em prol da cultura da paz – destaca Loss.
Violência crescente
Conforme os indicadores criminais da Secretaria Estadual de Segurança Pública (SSP) mais atualizados, referentes a 2015, entre os meses de janeiro e dezembro, foram registrados 2.405 homicídios dolosos no Rio Grande do Sul, um aumento de 70% em uma década. Também no ano passado, os dados apontam a ocorrência de 158.010 furtos, 79.112 roubos e 18.142 roubos de veículos. Os números de 2016 ainda não foram divulgados.