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Com cartazes em punho e palavras de ordem entoadas em coro contra o processo de impeachment em curso no Congresso, militantes de partidos de esquerda, de movimentos sociais e sindicalistas realizaram nesta quinta-feira, em Porto Alegre, mais uma manifestação pela permanência da presidente Dilma Rousseff no Planalto. Uma primeira estimativa da organização indicava que aproximadamente de 20 mil pessoas compareceram à manifestação. Depois, a projeção foi aumentada para 80 mil. De acordo com a Brigada Militar (BM), foram 18 mil.
Na mobilização anterior na Capital, no dia 18 de março, conforme as lideranças do evento, o público chegou a 50 mil. Para a BM, 10 mil. A mobilização nacional se repete no Interior do Estado. Outras cidades, como Erechim, Ijuí, Passo Fundo, Pelotas, Rio Grande, Santa Maria, Santa Rosa, Santana do Livramento e Três Passos, também tiveram mobilizações contra a possibilidade de afastamento de Dilma. Em Porto Alegre, a concentração começou por volta das 17h, na Esquina Democrática. Depois, os manifestantes partiram em caminhada até o Largo Zumbi dos Palmares.
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Os gritos de guerra dos apoiadores do governo federal também incluíram ataques a membros da oposição e ao vice-presidente Michel Temer (PMDB), que assume o lugar de Dilma caso prospere o impeachment, classificado de golpe. "Direita, recua, o povo tá na rua", entoavam os manifestantes, tentando demonstrar força na reação ao movimento que tenta tirar o PT do poder. "A nossa luta é todo dia. Não vai ter golpe, vai ter democracia", emendavam os militantes de esquerda. A principal presença ligada ao Planalto na manifestação em Porto Alegre foi a do ministro do Trabalho e Previdência, Miguel Rossetto.
Outros alvos de cânticos e cartazes eram o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) e o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, derrotado por Dilma nas eleições em 2014.
– Não aceitamos que quem perdeu a eleição coloque em jogo a democracia brasileira. Quem está aqui luta pelo Brasil – discursou a deputada estadual Manuela d'Ávila (PCdoB).
Músicas que atacavam políticos de partidos de oposição também não pouparam os governadores do Rio Grande do Sul, José Ivo Sartori (PMDB), e de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB).
Enquanto a manifestação seguia o trajeto até o Largo Zumbi dos Palmares, um morador de um dos prédios da Avenida Borges de Medeiros atirou um ovo contra a multidão, mas não acertou em ninguém. Moradores de imóveis vizinhos, contrários ao governo Dilma, bateram panelas e discutiram com alguns dos manifestantes.
Além do RS, outros 25 Estados e o Distrito Federal realizaram manifestações nesta quinta-feira. Em São Paulo, os manifestantes se concentraram na Praça da Sé. Em Brasília, o ato teve caminhada até o Congresso Nacional. No Rio de Janeiro, a manifestação teve a participação do cantor Chico Buarque.