O presidente Barack Obama se reuniu com um grupo de opositores nesta terça-feira na sede da embaixada americana em Havana, um encontro no qual exaltou a valentia dos dissidentes - informou a Casa Branca.
"Quero agradecer a todos os que vieram aqui. Com frequência, é preciso ter muita valentia para fazer ativismo em Cuba", disse Obama.
"Este é um tema no qual continuamos tendo muitas divergências com o governo de Cuba", acrescentou.
A visita de Obama à Ilha, a primeira de um presidente americano desde 1928, ocorre 15 meses após o início do processo de normalização das relações entre os dois países.
O encontro contou com a presença de uma dúzia de dissidentes, incluindo Berta Soler, das Damas de Branco, Elisardo Sánchez, da Comissão Cubana de Direitos Humanos e de Reconciliação Nacional, e Guillermo Fariñas, Prêmio Sakharov 2010 para os Direitos Humanos.
Também participaram o moderado Manuel Cuesta Morúa, Laritza Diversent, José Daniel Ferrer, Juana Cedeño, Nelson Rivera, Dagoberto Valdés, Yunier González, Miriam Celaya, Antonio Rodiles e Mirian Leiva.
"Há pessoas aqui que estiveram detidas, algumas no passado, outras muito recentemente", comentou Obama, que já havia se reunido com alguns dos presentes nos Estados Unidos e no Panamá, durante a Cúpula das Américas do ano passado.
"Parte de nossa política em relação à Cuba é que não podemos nos reunir apenas com o presidente Castro, ou ter relações apenas de governo a governo. Temos de poder ouvir diretamente o povo cubano e garantir que tenha uma voz", ressaltou Obama no encontro com os opositores.
O presidente conversou com a dissidência em uma das últimas atividades realizadas antes de encerrar sua histórica visita a Cuba e seguir para a Argentina.
Um Obama receptivo
Cuesta Morúa, do grupo moderado Arco Progressista, considerou "um excelente encontro".
"O presidente se mostrou muito receptivo e muito paciente. Ouviu todas as diversas opiniões dos participantes", disse à AFP.
A reunião começou com Obama defendendo a sociedade civil e, depois, explicou sua estratégia de aproximação com Cuba.
Segundo Morúa, Obama "deixou claro que continuará apoiando este tipo de luta pacífica e condenou a violência contra a sociedade civil, as detenções das Damas de Branco".
Esse grupo de mulheres marcha aos domingos desde 2003, mas no último ano enfrentou o assédio de partidários do governo e detenções temporárias.
No domingo, pouco antes da chegada de Obama a Havana, dezenas de dissidentes do Damas de Branco e de outros grupos foram detidos por várias horas após uma manifestação contra o governo comunista.
Na segunda-feira, em entrevista coletiva ao lado do colega Obama, o presidente Raúl Castro negou que existam presos políticos em Cuba, ao desafiar um jornalista a mostrar uma lista de prisioneiros.
Já a opositora Berta Soler aproveitou o encontro para manifestar suas críticas à posição de Obama pelas concessões feitas ao governo de Castro.
"Fomos muito honestos todos (...) alguns expuseram sua divergência com a forma como está levando as relações entre os dois países. Ele foi muito receptivo e nos ouviu com muita atenção", contou à AFP.
A reunião atraiu meia centena de pessoas que esperavam nos arredores da embaixada, entre elas o jovem Daniel Llorente.
"Parece-me bom que escute os dissidentes", disse Daniel, que levava uma bandeira dos Estados Unidos e usava uma camiseta com as cores de Cuba.
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