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Se a oposição, reforçada pelo PMDB, fomenta o impeachment, a base governista mira em Eduardo Cunha (PMDB-RJ) parte do contragolpe. Petistas e aliados questionam a legitimidade do presidente da Câmara, réu na Operação Lava-Jato e ameaçado de perder o mandato por mentir na CPI da Petrobras, para conduzir o processo de afastamento de Dilma Rousseff.
Relator de processo no Conselho de Ética da Câmara quer ouvir Cunha pessoalmente
Cunha e o vice-presidente Michel Temer são os principais alvos da reação do governo, em especial depois do desembarque do PMDB. Parlamentares especulam um acordão, no qual o deputado ofereceria o impeachment para escapar da cassação, o que o grupo de Temer nega. Com parcela de cargos no futuro governo e auxiliado pelo seu partido, Cunha reuniria apoio, principalmente no baixo clero.
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– O PMDB presenteou o país com o melhor dos seus quadros, Eduardo Cunha. Esse é o perfil do PMDB que deseja tanto ser governo – ironiza o petista Elvino Bohn Gass (RS).
Apesar da pressão, deputados evitam sentenciar uma possível cassação de Cunha, que há meses protela seu processo por quebra de decoro no Conselho de Ética da Câmara. Por ora, os desafetos do peemedebista consideram que a forma mais rápida de derrubá-lo seria via Supremo Tribunal Federal (STF), que pode julgar pedido de afastamento por atrapalhar as investigações da Lava-Jato.
Conversa no conselho para amenizar punição
No caso do Conselho de Ética, Cunha sabe que seu caso terá desfecho em votação aberta. Assim, ele trabalha para derrubar o relatório no colegiado ou para enviar ao plenário a recomendação de uma pena alternativa.
– Cunha terá de se defender da acusação de ter mentido na CPI da Petrobras sobre ter contas no Exterior. Esse é o mérito. Acredito que ele terá uma pena pesada, que seria a suspensão do mandato – diz Carlos Marun (PMDB-MS).
Partidos como PT, PC do B, PSOL, PSB e Rede, auxiliados por nomes da oposição, não aceitam ceder na punição. Há o receio de que uma advertência passaria em plenário.
– É possível que Cunha busque negociação para segurar o mandato, recebendo advertência, o que considero uma vergonha. Minha posição é pela cassação – diz Nelson Marchezan Filho (PSDB-RS), integrante do Conselho.
Relator do processo no colegiado, Marcos Rogério (DEM-RO) quer ouvir 19 testemunhas, entre elas o próprio presidente da Câmara. Assim, projeções indicam que o relatório chegará ao plenário em junho, mas admite-se a possibilidade do caso se arrastar ao longo do ano, marcado pelas Olimpíadas e eleições municipais.