
A presidente Dilma Rousseff voltou a afirmar, nesta quarta-feira, que o fato de ser mulher contribuiu para o processo de impeachment ganhar forças e rebateu as críticas de ser "uma mulher dura". Em entrevista à emissora americana CNN, a petista disse que, quando a classificam como "dura", ela responde que é "uma mulher dura, rodeada por homens fofos, educados, gentis e bondosos".
No ano passado, em entrevista ao Washington Post, a presidente já havia mencionado sofrer preconceito por ser mulher. Na ocasião, Dilma disse ser vítima de argumentos sexistas.
– Você já ouviu alguém dizer que um presidente homem se intromete em tudo? Eu nunca ouvi. Acredito haver um pouco de viés de gênero. Sou descrita como uma mulher dura e forte que põe o nariz onde não é chamada e sou cercada por homens fofos – ironizou a presidente à época.
Leia mais:
Líder do DEM se manifesta contra antecipação das eleições presidenciais
Dilma chama Cunha de "pecado original" e acusa golpe feito com as "mãos nuas"
Renan diz que não votará afastamento de Dilma e conversa com Temer e Aécio
À CNN, a petista disse ainda que não violou a Constituição e que "outros líderes políticos têm feito pedalas fiscais". Dilma argumentou que a baixa taxa de aprovação do governo não deveria ser motivo para o impeachment porque é "algo cíclico".
– Se não fosse assim, todos os presidentes e primeiros-ministros da Europa que tiveram 20% de índice de desemprego teriam passado, inevitavelmente, por um processo de impeachment. Eles também tiveram experiência com quedas substanciais de popularidade – afirmou a presidente no vídeo.
Durante a entrevista, a correspondente da CNN Christiane Amanpour lembrou que Dilma foi eleita uma das piores líderes no mundo e tem uma taxa de popularidade "muito, muito baixa", por volta de 10%". A jornalista ainda destacou a votação expressiva na Câmara a favor do impeachment e os poucos aliados de Dilma no Congresso.
– Você acha que vai sobreviver? Você acha que vai continuar presidente ao fim desse processo? – perguntou a correspondente da CNN Christiane Amanpour.
– Eu vou lutar para sobreviver, não apenas pelo meu mandato. Eu vou lutar porque o que eu estou defendendo são os princípios democráticos que regem a vida política no Brasil – respondeu.
A menos de quatro meses das Olimpíadas, Dilma disse que "ficaria muito triste" se não fosse mais presidente durante o evento esportivo. Ela destacou ter ajudado "a unir esforços (para as Olimpíadas) desde o primeiro dia". Mais uma vez, a presidente afirmou que há um "golpe", conduzido por "políticos acusados de corrupção", para afastá-la da Presidência.