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O secretário de Estado americano, John Kerry, principal funcionário do governo dos Estados Unidos a visitar Hiroshima, prestou nesta segunda-feira uma homenagem histórica na cidade japonesa às vítimas da bomba atômica. Kerry disse estar "profundamente emocionado".
Apesar de não ter apresentado um pedido de desculpas formal de seu governo pelo primeiro bombardeio atômico da história, o secretário de Estado defendeu um "mundo sem armas nucleares", como já haviam feito um pouco antes os ministros das Relações Exteriores do G7, que estavam em Hiroshima para preparar a próxima reunião de cúpula do grupo no Japão. O grupo é formado por Estados Unidos, Alemanha, Canadá, França, Itália, Japão e Reino Unido.
"Reafirmamos nosso compromisso para buscar um mundo mais seguro para todos e criar as condições para um mundo sem armas nucleares", afirmam os ministros na Declaração de Hiroshima, que cita, entre os desafios, "as repetidas provocações da Coreia do Norte" com seus testes nucleares, condenados pela comunidade internacional.
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Durante a manhã, os sete ministros do G7, entre eles Kerry, visitaram o Memorial da Paz em Hiroshima, que recorda o bombardeio atômico que devastou a cidade e deixou 140 mil mortos em 6 de agosto de 1945.
"Todo mundo deveria ver e sentir o poder deste memorial", escreveu Kerry no livro de visitas.
- Isso nos recorda de que temos não apenas a obrigação de acabar com a ameaça das armas nucleares, mas também devemos fazer todo o possível para evitar a guerra - completou o secretário de Estado, um ex-combatente do Vietnã e cético sobre as políticas de intervencionismo militar.
Após a visita, os ministros compareceram ao parque do centro da cidade para depositar coroas de flores diante do Cenotáfio, um arco com os nomes das vítimas, com a frase: "Descansem em paz, não permitiremos que a tragédia volte a acontecer".
Os ministros foram recebidos por centenas de crianças que exibiam bandeiras dos países do grupo de potências e entregaram um colar grous de papel, símbolo de paz.
O ministro japonês das Relações Exteriores, Fumio Kishida, afirmou que o 11 de abril de 2016 é "um dia histórico" para o país.
Em breve, Obama
Kerry estava sorridente e saudou as crianças, antes de se aproximar de forma solene do monumento, ao lado do colega japonês.
Apesar de não existir uma confirmação oficial, a visita a Hiroshima poderia abrir o caminho para a visita do presidente Barack Obama, que em 26 e 27 de maio participará no Japão na reunião de cúpula de chefes de Estado e de Governo do G7.
- Todos deveriam visitar Hiroshima. E todos quer dizer todos - declarou Kerry em referência a Obama.
- Espero que um dia o presidente dos Estados Unidos esteja entre os que poderão vir aqui - completou, antes de afirmar não saber se Obama visitará Hiroshima durante a reunião de cúpula.
- Não há rancor, não temos raiva dos Estados Unidos - disse Jun Miura, empresário japonês de 43 anos que estava no parque.
- Quero que o presidente observe com os próprios olhos o que aconteceu - comentou.
Ao ser questionado no domingo se Kerry apresentaria um pedido de desculpas do Japão, um diplomata americano disse que não aconteceriam desculpas formais, mas que o secretário de Estado "está repleto de tristeza, como todos os americanos e japoneses".
Essa visita, sem precedentes para os Estados Unidos, mas também para as outras duas potências nucleares do G7, Grã-Bretanha e França, deixou em segundo plano os temas considerados mais importantes no cenário internacional atualmente, como o jihadismo, a crise dos refugiados e os grandes conflitos territoriais.
As sete potências também fizeram um apelo para "intensificar e acelerar" a luta contra o grupo Estado Islâmico (EI) no Iraque e na Síria, ante a "ameaça mundial de terrorismo", conforme outro comunicado publicado após a reunião.
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