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A oposição estabeleceu um calendário de manifestações pró-impeachment para tentar manter a mobilização até o julgamento do processo de impedimento da presidente Dilma Rousseff na Câmara, previsto para o fim de semana entre 15 e 17 de abril. Entre as ações, opositores organizam um protesto de cerca de mil crianças no gramado em frente ao Congresso Nacional na manhã de domingo.
De acordo com um deputado que está a frente das mobilizações, essas crianças virão da "periferia" dos arredores de Brasília. O parlamentar afirma que elas estão vindo com apoio de "movimentos sociais". A ideia é que algumas das crianças representem os 513 deputados que compõem a Câmara e simulem uma votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff durante a manifestação.
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Antes de domingo, o deputado Paulinho da Força, presidente do Solidariedade, organizou para sexta-feira um ato na sede do sindicato dos trabalhadores da construção civil de São Paulo, no Centro da capital paulista. O protesto está previsto para 14 horas. Foram convidados os presidentes do PSDB, senador Aécio Neves (MG), e do PSB, Carlos Siqueira. Ambos ainda não confirmaram presença.
– É para acabar com essa impressão que sindicalista é contra o impeachment, que todo mundo está alinhado com a CUT (Central Única dos Trabalhadores", disse Paulinho à Agência Estado. O deputado, que é também presidente da Força Sindical, admite que há forças contrárias e favoráveis ao impeachment, mas diz que hoje mais de 70% dos sindicalistas da central são favoráveis ao afastamento de Dilma.
Os atos de sexta e domingo têm o objetivo de manter a pressão sob os parlamentares durante a votação do impeachment na Comissão Especial. Segundo um parlamentar da oposição, o acordo é para que, caso haja muitos inscritos para falar durante a sessão da votação, o presidente do colegiado, deputado Rogério Rosso (PSD-DF), convoque a discussão para o fim de semana, para que a votação de fato ocorra na segunda-feira.
Votação no plenário
A oposição e o movimento Vem Pra Rua também já planejam mobilização para o dia da votação do processo no plenário. A ideia é tentar trazer cerca de 500 mil pessoas pró-impeachment para a frente do Congresso. Opositores tentam negociar com governistas para que o gramado fique apenas com os manifestantes antigoverno e que os são contrários ao impeachment fiquem concentrados na Praça dos Três Poderes, em frente ao Palácio do Planalto.
Em acordo com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a oposição também acertou a instalação de telões dentro e fora da Casa. A ideia é que os telões internos transmitam também a imagem da população no gramado, para ajudar a pressionar os deputados. Já os telões externos serão bancados por deputados opositores, que também articulam trazer de 6 a 7 carros de som para o gramado.
Os organizadores do Vem Pra Rua pretendem instalar telões em dois caminhões de som na Avenida Paulista, de onde será transmitida a movimentação dos parlamentares.
Partidos de esquerda cancelam evento
A Frente Brasil Popular, que reúne entidades dos movimentos sociais e partidos de esquerda, decidiu cancelar a mobilização pró-governo que estava marcada para sábado, no Vale do Anhangabaú, em São Paulo. Em nota, a CUT oficializa o cancelamento da agenda para o próximo sábado, mas convoca "toda a militância" para outro evento, este no dia 8 de abril.
O evento, chamado de Encontro de Lula com a Educação, ocorrerá no Centro de Convenções do Anhembi, também na capital paulista.
*Estadão Conteúdo