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Em seu discurso de abertura no plenário da Câmara dos Deputados, nesta sexta-feira, o jurista Miguel Reale Jr., signatário do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff, declarou que os parlamentares serão os "libertadores" do país. Ex-ministro da Justiça do governo Fernando Henrique Cardoso, Reale Jr. voltou a afirmar que Dilma cometeu crime de responsabilidade pelas pedaladas fiscais.
– Qual é o crime mais grave, o de um presidente que põe no seu bolso uma determinada quantia ou de uma presidente que, pela ganância pelo poder, não vê limites para destruir a economia brasileira? – questionou.
Reale Jr. negou que haja tentativa de golpe, como alegam os governistas.
– Golpe houve quando se sonegou a informação de que o país estava quebrado, quando se maquiou a questão fiscal para maquiar a situação do Tesouro Nacional – mencionou.
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O ex-ministro aproveitou a sua fala para rebater a tese da defesa de que as pedaladas fiscais eram praticadas e aceitas em gestões anteriores.
– Dizer que ocorria antes é mentira – disse.
– Tem crime, sim, e quem está pagando é a população mais pobre – acusou.
Discordando do advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, Reale Júnior mencionou aos deputados que "fatos de 2014 podem ser objetos de apreciação" e criticou que as pedalas continuaram ocorrendo em 2015.
– O governo, ao invés de reduzir seus gastos e de deixar de interferir no preço dos produtos, continuou a gastança para dizer nos programas de TV nas eleições que o Brasil ia crescer, que a população iria viver com seu salário. Era mentira – criticou.
Segundo ele, "a emissão de decretos sem ter base na receita existente, de suplementação de verbas, sem passar pela Câmara, passou por cima da competência do legislativo".
– Apresentou-se superávit falso e vão dizer que isso não é crime? Essa irresponsabilidade jogou o país na lama – pontuou.
Com fitas verde e amarelas e placas de "tchau, querida!", deputados da oposição ficaram atrás de Reale Jr. na tribuna enquanto ele falava. O líder do governo na Casa, deputado José Guimarães (PT-CE), questionou o ato. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), negou a solicitação de Guimarães para que os parlamentares não subissem na tribuna durante os discursos, dizendo que não faria diferenciação.
– O bom senso manda que a utilização da tribuna seja feita pelo orador, se ele quiser ficar com 40 cartazes atrás dele, pode – comentou.