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Com novo calendário, inadimplência do IPVA dobra no Rio Grande do Sul 

Nova data para quitar imposto resultou em aumento de não pagantes. Nesta semana, número alcançou 933 mil proprietários devedores

Caetanno Freitas

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A mudança no calendário de pagamento do IPVA 2016, apesar de ter sido anunciada com antecedência pela Secretaria da Fazenda, contribuiu para que a inadimplência chegasse a praticamente ao dobro do registrado em 2015. Neste ano, o índice alcançou 20%, contra 10,9% do ano passado, o corresponde a 933 mil proprietários que não quitaram o imposto.

Antes, o IPVA era arrecadado até o mês de julho. Na tentativa de antecipar os recursos, diante da crise econômica, o Estado adotou novas datas e ajustou para abril o prazo máximo para o pagamento, mesmo sabendo que isso poderia implicar inadimplência maior, como de fato ocorreu. De uma arrecadação esperada de quase R$ 2,5 bilhões, foram pagos cerca de R$ 1,9 bilhão, conforme os números que fecharam o calendário deste ano.

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O subsecretário adjunto da Receita Estadual, Guilherme Comiran, confirma que a mudança do calendário foi, de fato, o principal motivo para o aumento no número de inadimplentes. No entanto, acredita que os débitos serão quitados aos poucos. Até esta terça-feira, por exemplo, o índice já havia caído para 18%. A expectativa, segundo Comiran, é que o percentual possa chegar a 13% em junho, caindo gradativamente nos meses seguintes.

– Antecipamos o calendário em três meses este ano. É a primeira experiência. Há toda uma fase de adaptação das pessoas. Mesmo assim, entendemos que acertamos porque conseguimos antecipar recursos necessários ao Estado. A tendência é manter os prazos para o ano que vem, com pequenas mudanças – afirma.

O atraso de quase um milhão de motoristas gaúchos para pagar o IPVA é consequência do novo calendário, mas também reflete o cenário de crise econômica no país, segundo o economista da Fundação de Economia e Estatística (FEE) Alfredo Meneghetti.

– De um lado, temos o governo precisando de mais recurso em menos tempo. De outro, o consumidor com dificuldades de honrar seus compromissos. Portanto, não há entrosamento entre disponibilidade e necessidade. A inadimplência do IPVA é uma pequena ilustração do cenário de crise que estamos vivendo. Estamos em um ano de dificuldades para os dois lados – analisa.

Além de perder os descontos das campanhas Bom Motorista (de até 15%) e Bom Cidadão (até 5%), o contribuinte que ainda não pagou o IPVA 2016 terá de arcar com uma multa de 0,33% ao dia sobre o valor do imposto não pago, até o limite de 20%. Depois de 60 dias em atraso, terá acréscimo de mais 5% e o nome lançado em dívida ativa.

Blitze para flagrar documentos atrasados

Para tentar recuperar a arrecadação restante, a Receita Estadual está preparando uma série de blitze em Porto Alegre, Região Metropolitana e interior do Estado. O proprietário que for flagrado nas barreiras transitando com o IPVA atrasado – consequentemente com o Certificado de Registro e de Licenciamento de Veículo (CRLV) irregular – está sujeito a sete pontos na CNH, multa de R$ 191, além dos custos com guincho e depósito do Detran.

– Temos notado uma redução bem grande na inadimplência de um dia para o outro. O pessoal se dá conta que não pagou e vai quitando. Em maio já começaremos as blitze. As pessoas devem saber que terão um custo muito maior com multa, guincho, etc – ressalta o subsecretário da Receita Estadual.

A arrecadação aquém do esperado, combinada com a recessão econômica e a recorrente falta de recursos nos cofres públicos, também foram motivos para mais um parcelamento de salários dos servidores, o sexto desde que José Ivo Sartori assumiu o governo.

– Antecipamos o término do pagamento das placas para abril para termos o dinheiro antes, mas o IPVA teve um decréscimo bastante significativo. Tivemos um acréscimo no uso dos descontos no fim do ano. Estamos com um percentual de inadimplência altíssimo do IPVA, na casa dos 20%, o dobro do que seria o normal – explicou o secretário da Fazenda, Giovani Feltes, durante o anúncio do novo parcelamento de salários, na semana passada.

Do total que é arrecadado com o IPVA, metade fica nos cofres estaduais e os outros 50% são creditados de maneira automática para as prefeituras gaúchas, de acordo o emplacamento do veículo. Destes, deve ser deduzido 20% a título de FUNDEB (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação), que retornam ao Estado e aos municípios para que sejam aplicados na manutenção e no desenvolvimento da educação.

Cidades com maior índice de inadimplência:

São José dos Ausentes (34,45%)
Santa Vitória do Palmar (33,6%)
Quaraí (32,7%)
Machadinho (32,1%)
Alvorada (31%)
Xangri-lá (30,7%)
Barra do Quaraí (30,4%)

*Em Porto Alegre, onde há a maior concentração da frota estadual, 21,1% dos proprietários não pagaram o imposto

*Zero Hora

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