
À frente do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), Moreira Franco (PMDB-RJ) tem a missão de destravar concessões na área de infraestrutura e de analisar privatizações. Ex-ministro de Dilma Rousseff, ele critica o baixo percentual de entrega das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e promete dar "foco" às ações do governo interino.
Como ampliar as concessões, aposta de Michel Temer para aquecer a economia?O Brasil viveu ambiente de muita marquetagem. Um programa como o PAC tem padrão de entrega muito baixo, porque não tinha foco e supervisão. Nós não vamos inventar a roda. Vamos dar foco à ação do governo.
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O que pode ser feito?
A situação econômica é desesperadora, e a fiscal é caótica. Nesse ambiente, não dá para manter o modelo de ter o Estado como núcleo indutor do investimento, porque não há dinheiro. O BNDES não vai poder fazer o que fez, porque quebrou. Como aqui temos um conselho, vou me reunir com ministros e órgãos de cada área para ver o que está faltando, tudo dentro de um cronograma.
O PAC pode mudar de nome?
Aqui não é a agência de publicidade. Para mim, não existe PAC. Sei é que precisamos estimular a parceria de investidores para que possamos volta a crescer.
O governo Temer vem com o programa Crescer para substituir o espaço do PAC?
A obsessão é crescer. Esse não é o nome apenas de um programa, é um conceito, um estímulo à parceria.
Em quanto tempo serão lançadas novas concessões na infraestrutura? Privatizações no setor elétrico estão no radar?Gosto de dizer que não sou a mãe Dináh. Vamos analisar tudo para criar um ambiente propício ao investimento. Precisamos de um modelo de negócio que seja viável, com atos regulatórios claros, papéis definidos e transparência. Não há concorrência, sempre as mesmas empresas disputam as obras.
A participação da Infraero na administração dos aeroportos leiloados pode ser revista?
Eu sempre fui contra. A Infraero está quebrada. Quem põe dinheiro é o Tesouro, que também não tem recursos. Quando o governo diz que a Infraero tem de entrar com 49% do negócio, ele complica o investidor, porque ele vai pagar a parte dele e a do Estado. Nada contra a Infraero, mas a modelagem não fecha.
O senhor vai tratar de metrôs? O de Porto Alegre segue no papel.
Há participação do governo do Estado e do município na obra, então eles têm de demandar. Eu até posso procurá-los, porque, se não houver demanda no curto prazo, em dois anos, não se chegará a um modelo viável para construir o metrô.