O diretor de Jornalismo da Gazeta do Povo, Leonardo Mendes Júnior, questionou nesta quinta-feira a postura de juízes e promotores que entraram com 36 ações em pelo menos 15 cidades no Paraná contra jornalistas do veículo. Os magistrados pedem indenizações por danos morais devido a reportagens sobre supersalários publicadas em fevereiro.
– A gente considera que, desde a redemocratização do país, é o mais claro, o mais duro e o mais forte ataque à liberdade de imprensa – definiu Júnior, ao programa Timeline, da Rádio Gaúcha.
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As matérias mostraram que o Ministério Público do Paraná (MP) pagou, em média, R$ 101,2 mil a seus membros ativos em janeiro. De acordo com a apuração do jornal, o total recebido pelos procuradores e promotores chegou a R$ 72,9 milhões – 38% maior do que a folha de dezembro de 2015 (R$ 52,8 milhões), quando foi pago o 13º salário.
Durante a entrevista, o diretor destacou que os dados utilizados nas reportagens são de interesse da população e estão disponíveis em bases públicas. As ações dos magistrados somam R$ 1,3 milhão em pedidos de indenizações.
– Todos os dados que usamos nas reportagens constam nos portais de transparência. São dados públicos. Apenas fizemos uma compilação – ressaltou.
Júnior espera que o caso seja julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). De acordo com o diretor, a Gazeta do Povo entrou com pedido na corte depois que as ações foram adiadas, porque juízes paranaenses se declararem impedidos de avaliá-las. No entanto, a ministra do STF Rosa Weber rejeitou o prosseguimento do caso e determinou que o julgamento seja realizado pela Justiça do Paraná.
– A gente espera que ela vá reconsiderar essa decisão – salientou Júnior.