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A mãe, o filho de criação e o padrasto de Mineia Sant Anna Machado caminharam em silêncio do saguão do Aeroporto Internacional Salgado Filho até a rampa superior de embarque – foi ali que a funcionária terceirizada da Infraero, de 39 anos, foi sequestrada há uma semana, antes de ser brutalmente assassinada. Carregando um cartaz com uma foto de Mineia e a frase "estará sempre em nossos corações", foram seguidos por dezenas de familiares, amigos e pessoas comovidas com o crime. O protesto foi realizado na tarde deste sábado, pedindo justiça e mais segurança na região do aeroporto.
– Precisamos de mais segurança aqui. Hoje foi a minha irmã, mas amanhã pode ser qualquer um – lamenta Camila Sant Anna da Silva, 27 anos, irmã da vítima.
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Os manifestantes deixaram no local onde a vítima havia estacionado seu carro cartazes expressando luto e pedindo providências. A mãe de Mineia, Marta Sant Anna, 59 anos, destacou que a família "vai lutar até o fim pela verdade". Ela não acredita que a filha tenha sido vítima de latrocínio, a principal hipótese da polícia, e destaca que Mineia andava com medo porque alguém andava deixando bilhetes no carro dela no aeroporto, com corações desenhados e declarações.
O Sindicato dos Aeroviários de Porto Alegre e o irmão da vítima, Gerson Alonso Machado, 52 anos, responsabilizam a Infraero pelo sequestro.
– Foi um acidente em percurso de trabalho, ela nem tinha saído daqui quando foi sequestrada – diz Gerson.
A Infraero diz que lamenta a morte da funcionária e que está colaborando com as investigações, mas afirma que o sequestro ocorreu em uma área externa do aeroporto, onde o patrulhamento fica por conta da polícia.
A Brigada Militar afirma que é responsável pelo patrulhamento da área externa e vias de acesso ao aeroporto, mas pondera que o edifício garagem trata-se de área privada.
Entenda o caso:
Mineia foi sequestrada na saída do aeroporto, onde trabalhou por 18 anos, por volta das 2h de sexta-feira, dia 10, e o corpo da vítima foi encontrado na manhã de segunda-feira às margens da BR-386, em Montenegro. Jhonny Maicon Camargo, 32 anos, e um adolescente de 16 anos confessarem ter roubado e matado Mineia, afirmando que o objetivo era roubar o Uno da vítima. Neste sábado, a polícia fez busca na casa de Camargo, que segue preso, e encontrou lacres semelhantes ao que foram usados para amarrar as mãos da vítima.
É investigada a possível participação de uma terceira pessoa. O adolescente segue internado na Fundação de Atendimento Socioeducativo (Fase).