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Em entrevista concedida ao jornalista Roberto D'Avila, da GloboNews, o presidente interino, Michel Temer, afirmou que não se considera um traidor e criticou a proposta, defendida por setores da oposição, de realização de novas eleições para a presidência se Dilma Rousseff for absolvida pelo Senado. As informações são do portal G1.
Há duas semanas, a presidente afastada defendeu uma consulta popular para avaliar a antecipação do pleito presidencial. A ideia é apoiada por petistas, que têm tentado construir maioria no Senado para barrar o processo contra Dilma.
– Eu não acho útil para a senhora presidente (fazer novas eleições). Porque, no instante em que ela diz que aceita um plebiscito para eleições, é porque ela deseja voltar para depois não governar. Não é útil porque, se vai voltar para depois convocar eleições, então é porque não quer governar – disse Temer.
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Sobre as críticas que tem recebido por parte dos apoiadores de Dilma, de que seria "golpista" e "traidor", Temer afirmou que a Constituição está sendo cumprida.
– Eu não traí a ninguém. Na verdade, o que houve foi um processo de impedimento. Eu não fiz nenhum movimento em relação a isso. E o impedimento se deu, convenhamos, até por uma maioria muito significativa – completou o peemedebista.
Michel Temer reafirmou durante a entrevista que não será candidato à Presidência em 2018. Questionado sobre os desdobramentos da Operação Lava-Jato, que afetou a formação do seu ministério, o presidente interino disse que os ministros que deixaram os cargos "pediram para sair" e ressaltou esperar que o número de baixas na equipe não aumente. A respeito da delação premiada do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, na qual ele diz que o presidente em exercício pediu doações eleitorais para a candidatura, em 2012, do ex-deputado federal Gabriel Chalita à prefeitura de São Paulo, negou irregularidades:
– O que ele (Machado) mais deseja é isso (ser processado). Ele quer polarizar com o presidente da República. Eu não vou dar esse valor a ele. Eu não falo para baixo.
Temer foi questionado se não teria sido "mesquinho" retirar de Dilma Rousseff a possibilidade de se deslocar pelo país em avião oficial, e argumentou que a petista "utiliza o avião, ou utilizaria" para fazer campanha para denunciar o impeachment como um golpe, que ele chamou de "uma situação um pouco esdrúxula."
– A senhora presidente está na sua Alvorada, tem a sua estrutura, tem avião para se locomover para o seu Estado. Convenhamos, (Dilma) não está no exercício da Presidência, portanto não tem atividades de natureza governamental.
O presidente interino disse também não descartar a possibilidade de aumentar a carga tributária no futuro.
– Eu não estou falando em aumentar impostos ainda. Estou segurando isso exatamente e precisamente porque o acordo que nós fizemos relativo com o teto [...] vai ser muito útil para o país – afirmou.