Ao menos 22 pessoas morreram, e 94 ficaram feridas, em um atentado a bomba durante um casamento na noite deste sábado (20) na cidade de Gaziantep, no sudeste da Turquia - anunciou o governador da região, Ali Yerlikaya, na CNN Turk.
"Hoje, às 22h50 (16h50, horário de Brasília), 22 dos nossos cidadãos perderam a vida, e 94 ficaram feridos em um atentado a bomba contra um casamento", anunciou o governador em um comunicado.
"Condenamos os traidores que organizaram e cometeram esse ataque", prosseguiu o governador.
Em entrevista ao canal de televisão CNN Turk, o deputado Mehmet Erdogan, do Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP, da situação), confirmou a versão de um ataque com bomba.
O responsável pela explosão ainda não foi identificado, mas Mehmet Erdogan disse que é muito provável que tenha se tratado de um ataque suicida.
O deputado acrescentou que esse tipo de ataque costuma ser cometido pelo grupo Estado Islâmico (EI), ou pelos rebeldes curdos do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK).
De acordo com a agência Dogan, outro deputado de Gaziantep pelo AKP, Samil Tayyar, declarou que "as primeiras informações levam a pensar em que foi obra do Daesh (acrônimo do EI em árabe)".
Segundo a agência de notícias Dogan, a explosão, que aconteceu às 16h40 (horário de Brasília), teve como alvo uma cerimônia de casamento.
Festa ao ar livre
Um responsável turco disse que "segundo as primeiras informações, a cerimônia ao ar livre" ocorria em um bairro de Gaziantep, de maioria curda, o que reforça as especulações sobre um atentado extremista.
Vários curdos participavam do casamento, incluindo muitas mulheres e crianças, e "muitos curdos perderam a vida", lamentou o partido pró-curdo HDP, condenando o atentado em um e-mail.
As televisões mostraram ambulâncias chegando ao local onde jaziam corpos cobertos com panos brancos. Familiares das vítimas esperavam sentados na rua.
Muitas pessoas chegaram ao local, empunhando bandeiras turcas e gritando "o país não pode ser dividido". Outras tentavam arrancar as bandeiras, e a Polícia atirou para o alto para dispersar a multidão.
Como acontecem em atentados de grande vulto no país, as autoridades turcas proibiram a difusão de imagens ao vivo pela televisão e pelas redes sociais.
"O objetivo do terror é atemorizar a população, mas não vamos permitir isso", garantiu o vice-primeiro-ministro turco, Mehmet Simsek.
"Atacar um casamento é algo bárbaro", declarou ele à televisão turca.
Localizada no norte da fronteira com a Síria, Gaziantep se tornou um importante centro de acolhida de sírios que fogem da guerra civil em seu país.
Depois de ter recebido refugiados e ativistas da oposição, teme-se também a presença de extremistas.
Esta semana, o sudeste da Turquia foi alvo de três atentados que deixaram 14 mortos. O governo responsabilizou a guerrilha do Partido dos Trabalhadores do Curdistão, o PKK curdo.
O ataque ocorre no mesmo dia em que primeiro-ministro turco, Binali Yildirim, declarou que a Turquia quer ser "mais ativa" na crise síria nos próximos meses.
"Queiramos, ou não, (Bashar) Al-Assad é hoje um dos atores" da guerra nesse país e é possível "falar com ele sobre a transição", sugeriu Yildirim, excluindo, porém, que a Turquia vá ser o país que fará isso.
"O derramamento de sangue deve acabar. Bebês, crianças, pessoas inocentes não devem morrer. Essa é a razão pela qual a Turquia será mais ativa na tentativa de impedir que (esta situação) piore nos próximos seis meses", completou.
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